Grupo Desportivo de Chaves

Leonardo Jardim
O técnico madeirense regressou ontem à Madeira para cumprir um período de férias, depois de no passado domingo ter visto, no jogo decisivo, as esperanças de regresso à “Honra” do Desportivo de Chaves se terem esfumado, precisamente ante o adversário (Ribeirão) que acabou por preencher a vaga ansiada pelos flavienses. A equipa de Lito Vidigal — com passagem pela AD Pontassolense e Porto-Santense — haveria de ser surpreendida por um golo do avançado Pires que curiosamente também jogou entre nós nos mesmos dois clubes do técnico que ontem foi apresentado na Reboleira como sucessor de Daúto Faquirá no Estrela da Amadora. O futuro de Leonardo Jardim ainda é uma incógnita, embora se saiba que existe interesse do Chaves na sua continuidade.

Leonardo Jardim leva “adjunto”
Leonardo Jardim parte quinta-feira para Chaves para discutir os termos de um contrato que terá, em caso de acordo, validade para as próximas duas temporadas. O projecto visa a reestruturação do futebol no clube. Se as duas partes chegarem a um consenso é certo que o técnico far-se-á acompanhar por um “colaborador” madeirense da sua confiança.

Leonardo continua



Leonardo Jardim vai continuar em Chaves, pelo menos mais uma época. Depois de dois dias de intensas negociações entre o clube eo técnico madeirense, o acordo foi conseguido ao final da tarde de ontem.
Com Leonardo volta a trabalhar António Vieira. Foi seu adjunto na Camacha, cargo que deixou para levar a AD Machico à subida da IIIpara a II divisão. Na época que agora terminou Vieira orientou os juniores do Nacional.
Depois da forte aposta feita na subida de divisão na temporada que agora finda, os flavienses optaram por mudar um pouco o rumo à sua política desportiva, e a prioridade vai agora para a reorganização do futebol de formação do clube, tentando integrar o maior número possível de jogadores da terra na equipa principal.
Em paralelo, há também uma forte ambição desportiva para a equipa sénior, embora com uma redução orçamental de cerca de 30% em relação a esta época, o que poderá complicar a elaboração do plantel para a próxima temporada.
Mesmo assim, Leonardo mostra-se confiante na possibilidade de ter o Chaves a intrometer-se na luta pelos lugares cimeiros da classificação. "Este é um clube que representa uma Região, com uma dimensão que muitos clubes da II liga não têm. Vamos tentar formar uma equipa quipa o mais competitiva possível mesmo não nos assumindo como candidatos, tentaremos formar uma boa equipa, capaz de lutar pelos lugares cimeiros" promete o técnico.

Adorado em Chaves
Leonardo Jardim foi ovacionado antes e durante a recepção ao Marítimo



Em nome da carreira, Leonardo Jardim tem vindo a fazer sacrifícios pessoais, tais como ficar longe da família e amigos. Mas pela amostra a que o DIÁRIO teve acesso, por ocasião da recepção do Marítimo, o técnico não poderia pedir mais carinho da parte dos flavienses para amenizar a sua 'penitência'.
O jogo em causa foi integrado na apresentação oficial do Desportivo de Chaves aos sócios e, como tal, os protagonistas do emblema foram apresentados individualmente. Todos mereceram aplausos, entre os quais os madeirenses Élio (ex-Machico) e o adjunto António Vieira, mas a maior salva de palmas da noite foi sem dúvida guardada para o líder técnico, Leonardo Jardim.
"Considero que estou num clube de grande dimensão e só por isso é que cá estou e abdico de muitas coisas para tal", começou por aludir o treinador madeirense, quando instado a comentar a ovação de que foi alvo.
Aos flavienses, pede para que "ninguém duvide" do seu profissionalismo e garante que tem como propósito principal "elevar o nome do Chaves ao mais alto nível do futebol nacional porque é um clube que o merece".
A esse respeito, o ensaio com o Marítimo acabou por ser bastante prometedor... O Chaves foi melhor em todos os aspectos, mas Leonardo Jardim recusa euforias. "Ainda não estamos totalmente preparados porque dispomos somente de cinco semanas de trabalho", aludiu.

Equipa bastante jovem
Ainda assim acredita que a sua equipa, "com uma média de idades de 23/24 anos e logo com uma grande margem de progressão, vai dar muitas alegrias ao Chaves no futuro". "Não é um conjunto feito para um mês ou dois, é um grupo para segurar durante duas ou três épocas, pois só assim é que se constroem as grandes equipas", reforçou em seguida.
Um dos seus propósitos, em consonância com a direcção, foi o de "identificar o clube com a terra como acontecia há 20 anos, nos tempos de maior sucesso". Daí para cá a mística foi-se perdendo, mas Leonardo está a recuperá-la. "Temos vários atletas da casa e isso fará com que as pessoas também adiram em maior número aos nossos jogos", apontou.
Mas Leonardo não se desvia do fundamental para os sócios. "Aqui toda a gente quer é ganhar e não pensa em outras situações. São muito exigentes, mas tenho tido algum 'feedback' positivo de algumas pessoas. Sabem que o plantel não tem nomes sonantes, mas estão a gostar do trabalho. É claro que o sucesso desportivo é o mais importante", acentuou.
Ambicioso, como sempre, Leonardo não deixa de sublinhar que o plantel sofreu uma "reformulação em cerca de 75 por cento", embora se apresse a exaltar que essa profunda alteração não impedirá o grupo de ter "uma postura muito simples: querer ganhar todos os jogos". "Sabemos que isso não vai acontecer, mas temos de tentar fazer por isso", complementou.

Pontassolense entre os candidatos
Todas as pessoas que o DIÁRIO teve oportunidade de contactar, dentro e fora do Municipal de Chaves, acreditam que o madeirense é capaz de conduzir o clube à Liga Vitalis. Leonardo, esse, também partilha do mesmo optimismo, mas prefere traçar metas mais curtas. "Primeiro, a ambição passa por ficar posicionado entre os primeiros seis. A partir daí, da forma como está escalonado o campeonato, tudo é possível. Qualquer equipa pode ser campeã", considerou.
E quem serão os principais candidatos a discutir o título? Leonardo oferece-nos um leque alargado de adversários directos... "Existem quatro ou cinco... Os mesmos do ano passado, o Ribeirão, o Valdevez, o Moreirense, o Tirsense, o Pontassolense e nós. Mas pode surgir sempre algum 'outsider', por isso não convém descurar ninguém para evitar surpresas", avisou.

Futuro? Sempre a subir...
Na Madeira, Leonardo Jardim dedicou-se unicamente ao comando técnico da Camacha durante anos a fio. A saída dos camachenses poderia ter acontecido por várias vezes, "houve convites" para o efeito, conforme revelou o próprio, mas não aliciantes o suficiente... "Foram de clubes da mesma dimensão e optei por não trocar a Camacha. Agora, no continente, a visibilidade é totalmente diferente e por isso é que vim", confidenciou. Esforço pessoal que pretende ver recompensado com uma carreira próspera no futebol, quiçá, ao comando de um dos 'grandes' do futebol madeirense. "O objectivo é singrar no panorama nacional a médio prazo, gostaria que fosse na Madeira, quem me conhece sabe disso. Mas se não for possível tentarei seguir carreira por cá (continente)", sublinhou.

Pecado mortal!
A estratégia que a direcção do Desportivo de Chaves encetou para este ano desportivo é, segundo Leonardo Jardim, "diferente dos anos passados". "Antes, o Chaves apostava em jogadores de escalões superiores, este ano estamos a apostar em atletas que vêm de baixo para cima (escalões inferiores)", apontou.
Facto a que não é alheio, também, a redução orçamental na ordem dos "30 por cento em relação ao plantel do ano passado" promovida pelos responsáveis flavienses. "Não pensem que é pouco, é mesmo muito, tratando-se de uma equipa de futebol - é dividir por três e tirar uma parte", comparou, sem contudo se queixar.
Para além de liderar o futebol profissional, o técnico madeirense assume igualmente a batuta da coordenação de todo o futebol jovem, à semelhança do que sucedia na Camacha. "Mas aqui é um pouco diferente", notou de imediato. "O Chaves tem um pecado mortal, que é a falta de instalações. O que não se verificava na Camacha", explicou. Para já, procura "tentar minimizar estas situações logísticas". Já no capítulo estrutural, revela que a "primeira etapa passa por unificar o futebol". "Quando cá cheguei, a formação e o futebol profissional eram totalmente alheios um do outro e pretendo que isso seja diferente, que todos trabalhem da mesma forma e que consigamos lançar muitos jogadores da terra", avançou.