[EX-TREINADOR] Sebastião Lazaroni

UEFA 'soube' a título!
"Gostaria de ter uma segunda experiência em Portugal, mesmo se não ficar aqui"



Cumprida a missão, como é que se sente? Aliviado? Estou muito feliz. Contente principalmente com os jogadores. A malta respondeu bem a todas as dificuldades e agora é preciso desfrutar destes momentos, que não são muitos no futebol. É igual à conquista de um campeonato... O que é que fica no futebol? São os títulos, as conquistas e os objectivos alcançados.

Já recebeu muitas felicitações até ao momento? A maior felicitação foi aquela que aconteceu dentro de campo, logo que o jogo terminou, dos torcedores, dos jogadores, enfim. A torcida jogou connosco em muitos dos jogos e essa química é muito bacana. Aliás, o único senão foi a ausência de mais público nos jogos em Portugal. E se cada um de nós puder fazer alguma coisa para valorizar o espectáculo teremos com certeza maior presença de pessoas nos estádios.

Quais os principais problemas que surgiram ao longo da época? Primeiro a minha falta de conhecimento sobre o futebol português. Depois as lesões, pois em determinado momento ficámos sem Fábio Felício, Bruno Fernandes e Olberdam - três do meio-campo. A seguir vieram os castigos ao Makukula, depois as lesões do Fogaça, até que acabei por ficar sem nenhum. Acabámos por jogar somente com segundos avançados... Mas passado esse período a equipa voltou a crescer.

E quanto à arbitragem? Inicialmente começou por evitar comentar o trabalho dos árbitros, mas depois não se conseguiu conter... Errar faz parte do ser-humano. Só que muitos erros por displicência e parcialidade levam a comentários que não beneficiam a vinda de mais pessoas aos estádios.

Feitas as contas, utilizou 29 jogadores ao longo da época. Esperava ter de se socorrer de um leque tão alargado de atletas? Conhecendo como conheço os campeonatos e sabendo que em determinados momentos surgem lesões e suspensões, avisei sempre os atletas que teriam de ter duas noções: que se preparassem para as chances e que depois aproveitassem-nas para ficar. Isso aconteceu e tiveram todos muitas oportunidades, embora uns tivessem conseguido ganhar maior valorização do que outros. Só o Marcelo e o Bruno Grassi é que tiveram menos utilização porque são guarda-redes e o Marcos acabou por realizar uma época fantástica.

Alguma vez duvidou de que conseguiria atingir a UEFA? Duvidar não! Mas tivemos momentos difíceis. Aquela ida a Leiria, no dia 23 de Dezembro, era um momento muito delicado. De repente se não ganhávamos ali estava no olho da rua como se diz em bom português. A equipa técnica sentiu isso e os jogadores também porque tiveram uma reacção muito boa. O Carlito, o Quim, o João Abel, o Bruno Fernandes, o Makukula, o Olberdam, o Marcos, o Milton, enfim. Nunca deixaram ninguém cair. Pelo contrário, sempre ajudaram a levantar...

Se tivesse de nomear um momento fulcral da temporada seria essa deslocação a Leiria? Sim. Porque foi um momento de dificuldade, era próximo do Natal (risos).

Este feito tem dedicatória especial? É dedicado à massa associativa, direcção, principalmente jogadores... Pode agora definir o que mais lhe surpreendeu no futebol português? Esses campos molhados, a velocidade do jogo. Acho que é assim que tem de ser. Mas também a boa organização, pois é de facto um campeonato organizado.

E o futuro? Deve passar pelo Marítimo? Espero que sim. Sinceramente gostei da Madeira, embora não tenha ficado a conhecer nada porque limitei-me a trabalhar. Agora vamos ver se o trabalho terá continuidade.

Acha que existe a real possibilidade de continuar no Marítimo? Sim. Porque não?

Sente-se bem no clube? Em alguns momentos senti-me menos bem, noutros mais, mas fui sempre profissional como também foram comigo.

Como é que caracteriza o seu relacionamento com os responsáveis e atletas da colectividade? Como eles querem: profissional. Não como eu queria ou gostaria.

Mas gostaria de liderar a equipa nas competições europeias? Esse é outro projecto. Aprendi com a direcção: estabelecemos uma etapa e agora, se eu estiver incluído nesse outro projecto, vamos sentar-nos e conversar. Se não for o caso, também não existe problema nenhum.

O que é preciso para continuar? Fará algum pedido especial para o efeito? Não... Nada que ultrapasse o milhão de euros (risos). Estou a brincar, nesta hora vale tudo.

Mas acha que o clube tem condições para efectuar um bom percurso nas competições europeias? Vou abrir um parêntesis aqui e não se trata de ser 'puxa-saco'. Acho que a Madeira é uma região preocupada com o desporto no bom sentido. É uma grande indústria com pequenas micro-indústrias na produção do desporto. E isso significa sempre ocupação e lazer para a juventude. Há andebol, basquetebol, voleibol, futebol, Camacha, Machico, Pontassolense, Caniçal, Santacruzense, e por aí fora. E para quem vive do futebol a vossa região é excelente. Portanto, espero que possam sair mais Cristianos Ronaldos daqui.

Já recebeu convites de outros clubes? O futebol é dominado por empresários, procuradores, enfim. É muito concorrido. Existe um espaço ali, uma proposta aqui, ou seja, não tenho uma pessoa para tratar da minha carreira. Nesse sentido, tenho sempre alguma coisa.

E se não for no Marítimo, quer continuar em Portugal na mesma? Quero. Gostaria de ter uma segunda experiência.

Depois da festa da UEFA, será difícil motivar os jogadores para o último jogo frente ao Leixões? Não. Alguns chamaram de miniférias este período de descanso, mas temos de ver que depois do jogo contra o Leixões teremos logo a final da Taça da Madeira, no dia 13 e não teremos direito a folgas. Aproveitei então para alargar o descanso e começaremos a trabalhar para o Leixões na quinta-feira.

Vai dar oportunidade a elementos menos utilizados na derradeira ronda da época? Para além das ausências certas do Antoine, Marcinho e João Luiz (suspensos), tenho de esperar pela avaliação médica do Bruno Fernandes (problema no joelho), mas vamos entrar com o mesmo espírito. Mas continuaremos a apresentar a formação base. Já para a Taça da Madeira, vamos levar aqueles que têm vindo a disputá-la. Assim todo o grupo fica a jogar.

O 5º lugar passou a ser a meta? Esse é o alimento de maior motivação para o jogo contra o Leixões. Não será fácil, pois eles ainda estão a necessitar de um ponto.

Discurso directo do 'professor'

A importância de Makukula
Olha lá, uma mensagem do Makukula acabei de mandar-lhe uma mensagem... Se conseguimos atingir a UEFA deve-se também aos seus golos, aos pontos que ajudou a conquistar. Foi muito importante, mesmo no Benfica teve a consideração de transmitir mensagens carinhosas aos colegas.

Elogios a Autuori e Vingada
(agradece as palavras prévias ao jogo que ditou o apuramento para a UEFA) Tenho uma relação óptima, mesmo fantástica com o Nelo Vingada. E apesar de não ter uma relação próxima com o Paulo Autuori. Somos da mesma cidade, do Rio de Janeiro, e sentimos respeito mútuo e admiração pelo trabalho um do outro. O Paulo também é uma pessoa muito vitoriosa e bacana.

Grau de dificuldade do feito
Toda a conquista é sempre muito difícil... Por isso (de 1 a 10) dou a nota máxima, um 10, porque os jogadores bateram-se dentro do campo, demonstraram muita garra para alcançar este objectivo...

Jornalistas... Respeito mútuo
Não tenho razão de queixa dos jornalistas, pelo contrário. Trataram-me sempre com respeito e eu procurei fazer o mesmo, até com uma certa leveza porque não me conheciam. Procurei ser eu mesmo.

Disponível para continuar no Marítimo
Sebastião Lazaroni foi ontem o convidado do programa da tarde da RJM 88.8, inserido no âmbito das comemorações do 75.º aniversário do JORNAL da MADEIRA. Numa entrevista conduzida por Nélio Abreu, o treinador do Marítimo efectuou um balanço da temporada e explicou as suas motivações para o futuro, confessando-se disponível para continuar ao serviço dos "verde-rubros".



Sebastião Lazaroni assegura que não tem ainda nada acertado em relação ao seu futuro, mas deixou a certeza que irá continuar em Portugal no futuro imediato, frisando que «Madeira também é Portugal…». Em relação ao Marítimo, exaltou que «a próxima época será preparada pelo presidente. Depois, se ele achar que eu devo participar no projecto, então falamos. Mas isso apenas depois do jogo com o Leixões». Lazaroni acrescentou que não foi abordado ainda por Carlos Pereira para continuar, mas também não considera que tal já devesse ter acontecido.
Pese embora estas reservas, acedeu em comentar a próxima época. Saídas e entradas? «Gostaria de manter todos. No desporto colectivo é importante a continuidade. Considero que o Marítimo terá que ter a porta sempre aberta à entrada de grandes jogadores, mas há também que manter os jogadores que se destacaram, os que formam a base», ripostou. De seguida, porque o Marítimo vai estar na UEFA, considerou a temporada que aí vem como «mais difícil», pelo que «terá que ser bem programada, mantendo a actual estrutura e reforçando com bons jogadores».
De resto, as suas palavras incidiram ainda em termos logísticos, exaltando que «temos sempre que procurar melhorar as estruturas», relevando que «tudo está sempre em evolução e o Marítimo não pode adormecer nessa matéria». Lazaroni elogiou ainda a equipa B dos “verde-rubros”. «Penso que este é o modelo ideal. Os jovens precisam de subir os degraus e a equipa B é um projecto que permite à equipa principal um plantel mais curto, mas bem complementado. Este ano isso aconteceu e jovens como o Djalma, Ytalo, Baba, Tito, Sidnei e Gonçalo, entre outros, foram também importantes para o momento que estamos vivendo».

Directas
• «Estão todos de parabéns: direcção, equipa técnica, jogadores, adeptos e todos os funcionários — o João, o Francisco, o Arnaldo, o Fernando… Estão de parabéns porque esta foi uma época difícil, com castigos, lesões e saídas de jogadores. Sofremos e vivemos todos os problemas intensamente, mas o desempenho dos jogadores foi fundamental e atingimos o nosso objectivo quando falta uma jornada para o fim».
• «Estava chegando ao futebol português e não conhecia a liga portuguesa nem as características dos clubes portugueses. Lancei mão dos mais experientes — Bruno, Marcos, Briguel, Fernando, Gregory, Ediglê, e também Makukula, entre outros — que foram a minha visão. Isso foi também muito importante para o sucesso».
• «Agora, temos ainda possibilidades de chegar ao quinto lugar. Será difícil mas seria bonito terminar nessa classificação».
• «No futebol somos cobrados não pelo que sabemos mas sim pelo que realizamos. Digo isso aos jogadores».

Em destaque
«No momento certo as coisas vão ser feitas. Depois do jogo com o Leixões vamos falar… vou ficar em Portugal»

O exemplo de Cristiano Ronaldo
«Espero que o trabalho aqui realizado possa revelar mais Cristianos Ronaldos. Ele é um símbolo das futuras gerações. O sucesso dele é importante pois os jovens irão querer seguir o seu exemplo e todos têm hipótese de concretizar os seus sonhos. Só é preciso trabalho, muito trabalho, e toda projecção é resultado disso».

Acabem fofocas sobre arbitragem
«O futebol português é competitivo e vivido intensamente. Espero que melhore apenas em alguns aspectos. Que acabem as fofocas sobre as arbitragem e comentem sim a beleza dos lances. Só assim se chama gente aos estádios. O Scolari disse-me que veio por um ano e meio e está já há cinco. Deu-me excelentes referências.»

Saída de Makukula
«O futebol, infelizmente, também tem essa componente comercial e o Marítimo, como todos os clubes, tem que fazer face às suas despesas. Saiu o Makukula e na altura estávamos mecanizados em jogar para o ponta-de-lança e o seu substituto, Bruno Fogaça, lesionou-se. Foi um período complicado mas conseguimos ultrapassar».

Elogios a Jardim: Tudo na Madeira tem grandiosidade
«Tudo na Madeira tem grandiosidade e eu estou muito satisfeito por ver a forma como a Madeira trata do Desporto, chamando os jovens, numa formação muito importante também como homens do futuro. Parabéns ao Alberto João Jardim pois sem ele o Marítimo talvez não estivesse vivendo este momento muito feliz».

Lazaroni recusa proposta de Carlos Pereira



Sebastião Lazaroni recusou a proposta apresentada ontem pelo presidente Carlos Pereira, para prorrogar o vínculo contratual com o Marítimo por mais uma temporada. A recusa, que não é definitiva - para hoje está marcada uma nova reunião com o presidente do Marítimo - , não se deve a razões financeiras e aconteceu na reunião que o treinador do Marítimo manteve com o timoneiro verde-rubro ao fim da manhã de ontem.
A situação está a tornar-se uma verdadeira novela, com avanços e recuos e, pelos dados apurados, tudo leva a crer que o treinador que trouxe de novo o sucesso ao Marítimo, depois de quatro sombrios anos, está de malas aviadas para outras bandas. Aliás, o próprio Lazaroni, após o último treino da época ministrado na manhã de ontem, predispôs-se a falar para a comunicação social e deixou patente as poucas probabilidades de ficar no Marítimo, quando disse, logo a abrir, "faltar cumprir alguns compromissos para quem atingiu os objectivos que lhes foram propostos".

Reuniões adiadas e inconclusivas
O (ainda) treinador verde-rubro revelou que a reunião inicialmente prevista para quinta-feira não aconteceu porque "o presidente apenas me contactou ao final da tarde e nessa altura fiz-lhe saber não ter disponibilidade nessa altura em função de alguns compromissos entretanto assumidos, solicitando que essa mesma reunião ficasse para o dia seguinte". Por outro lado, salienta a importância "da malta receber os prémios e marcar as passagens para ir de férias".

"Regime presidencialista"
Quando confrontado se achava deselegante a maneira como estava a ser tratado pelo presidente, Lazaroni não se sentiu magoado. E disse: "É a maneira dele, o que vou fazer, trata-se de um regime presidencialista...", diz com conformismo. Já nessa altura, ainda antes da reunião, e quando lhe perguntado, o treinador que um dia treinou a selecção do Brasil julga que "essa atitude, não deve, mas pode influenciar as negociações".
Curioso é a circunstância de, apesar da falta de acordo ou de vontade para que ambas as partes continuem ligadas, Lazaroni confessa ter conversado com o presidente sobre a nova temporada. "Deixei planos de trabalho para as férias dos jogadores e ficou prevista iniciar a nova temporada a 7 de Julho", revela.
Ainda nesta altura, Lazaroni assevera nunca ter sido discutido os aspectos financeiros, anunciando, por outro lado, ter recebido duas propostas de clubes portugueses. Sem revelar nomes, acabou por revelar ter recebido uma proposta de um clube "para a qual tinha que dar uma resposta num prazo de 24 horas", mostrando-se disponível para treinar qualquer equipa que lhe apresente um bom projecto.

Jardim esperava mais de Lazaroni
Líder do Governo Regional enumera jogos que "o Marítimo perdeu estupidamente"



O líder do Governo Regional não põe em causa as qualidades do ex-treinador do Marítimo, Sebastião Lazaroni, mas também não esconde que não gostou de certas atitudes e de algumas "tácticas erradas".
Jardim vai mais longe e diz mesmo que "o Marítimo podia ter feito uma melhor classificação" e que o clube "até teve a oportunidade de conquistar um terceiro lugar" na Liga Portuguesa.
"Houve alguns jogos que correram mal por decisões tácticas erradas", declarou ontem, no Caniço. Em declarações proferidas à margem da Festa da Cebola, o chefe do Executivo madeirense enumerou alguns dos jogos em que "o Marítimo perdeu estupidamente".
"Pelo menos três (...) estou a me lembrar do caso Benfica, da Naval e do Guimarães, para além de outros erros que estavam a ser cometidos", afirmou.
Apesar de o clube verde-rubro "dever a Lazaroni a sua ida à Europa" e de este ser "um técnico de alto gabarito", Jardim lembra que ninguém é insubstituível.
"As pessoas têm as suas qualidades, mas também têm os seus defeitos, se não se resolver de uma maneira, vai-se resolver de outra", exclamou.
Uma das atitudes que Jardim não perdoa a Lazaroni foi a "desconsideração pela Associação de Futebol da Madeira", ao pôr uma equipa B a jogar a final da Taça da Madeira.
"A final da Taça da Madeira não é para ser jogada a meio da semana e tem de ser jogada com outra dignidade", avisou, adiantando não ter gostado "de ver o treinador fora do banco".
No Caniço, Jardim não confirmou a vinda de Nelo Vingada, elogiou os "critérios de boa gestão" do presidente da SAD e revelou-se satisfeito com a eventual vinda do antigo treinador do Marítimo, "desde que não jogue muito à defesa". "Eu gosto imenso do Nelo Vingada e considero-o um dos melhores treinadores portugueses", concluiu o presidente do Governo.

Catalyst escreveu:Eu curto é o Alberto joão Cardim a meter o bedelho em tudo..

Catalyst escreveu:É verdade quer meter o nariz em tudo o que tem cheiro..