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Jovem moçambicano com as portas abertas para fazer testes

O Paços de Ferreira admite testar um jogador moçambicano retido ontem pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, de Lisboa, quando procurava entrar em Portugal, vindo de Joanesburgo, África do Sul, apesar de possuir um visto do Consulado Português em Maputo, válido por 30 dias. Oficialmente o Paços de Ferreira diz ter sido solicitado pela Casa de Moçambique em Portugal apenas para observar dois jovens dos escalões de formação. Assim mesmo, o clube da “capital do móvel” diz que não fechará as portas a este visitante inesperado, de 21 anos, assim que os seus problemas com as autoridades portuguesas fiquem resolvidos.

O pecado deu em frango
JORGE FONSECA

Cássio viveu, em Alvalade, uma experiência única. "Em 11 anos de carreira profissional, nunca tinha sofrido um golo assim, tão estranho", contou o guarda-redes do Paços de Ferreira, que, depois de ter sido considerado herói no jogo da Liga Sagres com o Sporting, passou a mais castigado na última visita ao reduto dos leões, fruto não só do frango sofrido - o primeiro da noite e de Liedson -, mas também dos quatro golos que se seguiram na baliza pacense. O golo que veio já sobre os descontos do primeiro tempo foi interpretado pelo guarda-redes como "decorrente de um pecado", assim explicando o sucedido: "O relvado estava molhado, o Liedson tocou a bola, e, quando vi que ela vinha na minha direcção, olhei para os meus companheiros pensando logo em lançar o contra-ataque. Esse foi o meu pecado, pois, quando voltei a olhar para a bola, ela bateu no solo e passou longe da minha mão", lamentou o guarda-redes. Depois de uma noite mal dormida, o despertar de Cássio disse-lhe para continuar a trabalhar, agora com uma nova máxima: "desconfiar sempre". Já quanto aos cinco golos sofridos, tal não é novidade, com Cássio a lembrar-se de um jogo com o São Paulo, então ao serviço do Vasco da Gama, há cerca de ano e meio, em que sofreu também cinco tentos, bem como da "cobrança" da torcida vascaína no dia a seguir. Passado este episódio, Cássio não sabe que custos ele vai ter e coloca nas mãos do treinador Paulo Sérgio a sua continuidade no onze inicial. "Nem sempre a felicidade nos acompanha, e cabe agora ao treinador decidir se me quer dentro ou fora da equipa", disse o guarda-redes dos castores. "Tenho a certeza de que, quando corre tudo bem, não sou o melhor do Mundo, nem agora, que sofri tantos golos, deixei de ter o meu valor tornando-me um dos piores", frisou.


China chegou a acordo para rescindir contrato

O defesa China e a Direcção pacense chegaram ontem a acordo para a rescisão de contrato. Na base deste desenlace está o facto de o brasileiro ter sofrido uma rotura de ligamentos e estar afastado da competição nos próximos quatro meses. Perante esta lesão, o clube propôs-lhe a rescisão, que foi formalizada ontem, pelo que o atleta viajará para a sua terra natal onde continuará a recuperação para retomar a sua carreira

Michel já escapou ao SEF

Um fax ontem enviado pelo Paços de Ferreira para o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), responsabilizando-se o clube pela estadia do jogador moçambicano Hélder Martins Saide Michel, garantiu ao atleta, de 21 anos, a possibilidade de se treinar à experiência na Mata Real depois de já ter representado Desportivo de Maputo, Estrela Vermelha, Liga Muçulmana, Sporting de Nampula e Benfica de Quelimane. Internacional sub-17, sub-20 e sub-23 por Moçambique, Michel foi, no domingo, retido por agentes do SEF, no aeroporto de Lisboa, depois de ter sido chamado a Portugal pelo presidente da Casa de Moçambique em Lisboa, Enoque João, dando sequência a uma conversa com Fernando Sequeira, presidente pacense, há cerca de quatro meses, no âmbito da geminação de Paços de Ferreira com Manica, naquele país africano. Na altura, ficou combinado que vários jogadores treinariam à experiência na Mata Real, mas as últimas informações do clube português apontavam para a chegada de um jogador com menos de 16 anos e não com 21, daí o imbróglio que se gerou.


Treinador contestado

O ambiente já não era alegre entre a comitiva pacense, que poucas horas antes tinha sido goleada em Alvalade, mas na chegada à Mata Real ficou ainda mais turvo. À espera do grupo e com o treinador como destinatário estava um cartaz onde se podia ler: "Aviso: Paulo Sérgio, vai embora". A claque "Yellow Boys" demarcou-se desta manifestação

Rui Miguel quer ficar na Mata Real
MÓNICA SANTOS

Há três anos, não tinha clube. A Naval queria emprestá-lo, pela segunda vez, e Rui Miguel preferiu rescindir o contrato com o emblema que o aproximara e insistia em afastá-lo do "sonho de jogar na primeira divisão". Do nada surgiu o Zaglebie Lubin, nome remoto do campeonato da Polónia, um país que só não era totalmente desconhecido graças aos relatos de uma tia lá nascida. Três anos depois, não lhe faltam clubes. Os polacos continuam dispostos a recebê-lo, para uma terceira temporada, mas os dias na Mata Real, para onde se transferiu por empréstimo, com opção de compra do passe, dão-lhe vontade de ficar. "Sem clube, isso não fico", acredita, disposto a aproveitar essa garantia para se concentrar no que considera ser "o mais importante de tudo", a "permanência do Paços de Ferreira", meta que se torna uma obsessão, quando veste a camisola 18. Às vezes, parece que joga de raiva. O registo disciplinar do atacante, 25 anos, consolida a ideia - seis cartões amarelos, no campeonato -, e Rui Miguel admite que "as circunstâncias do jogo e a envolvência dos adeptos" mexem com ele, embora garanta que só nesse contexto é possível encontrá-lo nos limites: "Sou muito calmo. Fora do campo, ninguém me mostrava amarelos". Se joga de raiva, é no melhor sentido da expressão, o da tremenda vontade de estar neste escalão em que o Paços procura manter-se, que sempre o moveu, e que ganha força e tons de revolta, de facto, quando se põe a pensar "nos jogadores que vão para o estrangeiro" sem que lhes seja dada oportunidade na terra onde nasceram e cresceram a sonhar jogar. "Nasci no centro do país", para explicar a dimensão do sonho: há muito que o mapa do futebol de primeira se concentrou nos distritos de Lisboa, Porto, e no Minho. No interior - Rui Miguel formou-se no Académico de Viseu - e no Sul a distância para os melhores é maior. Como sucede com cada vez mais futebolistas, o médio pacense percorreu-a com um desvio pela Polónia. Um desvio lucrativo, sublinha, sem que a diferença no valor do contrato se sobreponha à vontade de ficar na Mata Real. "Sinto-me bem, aqui", garante, sem temer o fundo da tabela: "Está complicado, mas, estamos cá para isso".

Goleador Rui Miguel em risco para a Taça
A.C./J.F.

Autor de dois dos cinco golos do Paços de Ferreira na partida de acesso às meias-finais da Taça de Portugal Millennium, frente à Naval, em que os castores venceram por 5-3, e do segundo na derrota ao Rio Ave, Rui Miguel está na iminência de falhar o jogo de amanhã, diante o Nacional. Rendido aos 72 minutos, com queixas nos gémeos da perna direita no jogo de sábado, o extremo vai ser hoje submetido a uma ecografia, depois de ontem não ter integrado o treino matinal.

A atravessar um bom momento de forma, o jogador está, assim, em risco de falhar o primeiro dos dois jogos das meias-finais da Taça o que, a confirmar-se, representará uma baixa de vulto para a equipa da Capital do Móvel, num jogo em que tem tudo para entrar para a história do clube pacense. Contudo, nem tudo parecem ser más notícias para o jogo mais aguardado do ano em Paços de Ferreira, com o central Ozéia a mostrar estar cada vez mais próximo da melhor forma, depois de na semana passada já ter sido testado num jogo da Liga Intercalar. Em função disso, afigura-se como provável a sua inclusão no lote dos convocados. Cumprido o treino matinal de ontem, que foi de recuperação para os jogadores mais utilizados diante o Rio Ave, a equipa pacense prossegue hoje à tarde o plano de preparação, após o que será conhecido se Rui Miguel vai poder jogar.