Filipe Oliveira

Filipe Oliveira: «Deixar o Chelsea não foi uma frustração»
CONVIVEU COM AS VEDETAS MAS INTERIORIZOU QUE NÃO IRIA CHEGAR A ESSE NÍVEL

RECORD – Neste regresso a Braga pesa-lhe mais o lado sentimental ou a responsabilidade de mostrar quem é aos bracarenses que não o conhecem?FILIPE OLIVEIRA – Julgo que acaba por estar distribuído, mas é óbvio que o lado sentimental é significativo, na medida que comecei a jogar no Sp. Braga e nasci em Braga. Sei também que enquanto estiver envolvido nos projectos do clube, esse sentimento deve estar à parte, porque sou profissional e tenho responsabilidades.

R – A ausência desse equilíbrio, entre a razão do projecto e a paixão pelo futebol, leva a que muitos jogadores se percam precisamente nos clubes onde se formam?
FO – É um facto, mas eu não me posso deixar envolver por esse sentimento. Se levar as coisas com demasiado sentimento, posso perder a racionalidade, e eu não quero que isso aconteça, sob pena de prejudicar o clube e, por consequência, a mim mesmo.

R – Perdeu mais do que aquilo que ganhou ao sair de Braga com 15 anos para o FC Porto?
FO – Entendi, juntamente com a minha família, que era um passo seguro para a carreira seguir as minhas expectativas. Estava bem em Braga, era respeitador das regras e respeitado pelo meu comportamento, mas há alturas na vida em que temos de tomar decisões. Optei por ir para o FC Porto, por acreditar que poderia desenvolver-me como jogador, lançando ao mesmo tempo um desafio a mim próprio. As coisas correram-me bem, fui campeão de juniores, e não me arrependo, até porque despertei o interesse do Chelsea. O Sp. Braga, que sempre me procurou ajudar, não saiu prejudicado e recebeu uma compensação financeira.

R – A passagem pelo FC Porto foi efémera, resumiu-se a dois anos, e pouco depois já estava fascinado no Chelsea...
FO – A todos os níveis era uma realidade completamente diferente. Entendi, também nessa altura, e apesar de só ter 17 anos, que seria o mais ajustado para a carreira. Disse inclusivamente aos pais que era altura de sair de casa e fui para Londres viver sozinho, mas sempre acompanhado pelas pessoas do Chelsea. A vida tem de ser encarada de frente, sempre com desafios, e se não tivermos a ambição de aprender e evoluir, estamos condenados a estagnar. E isso é o pior que pode acontecer a um jogador. A nível social foi uma experiência enriquecedora. Era novo, estava em Londres e tinha de me controlar a mim próprio. Esse, por exemplo, era um desafio fantástico. Mas prometi aos meus pais que não os iria deixar ficar mal, e assim foi, tornando-me, julgo eu, uma pessoa madura para a idade que tinha.

R – Os seus amigos dizem que foge ao estereótipo do jogador de futebol...
FO – Os meus amigos e alguns jogadores dizem que tenho um ar intelectual, mas sou uma pessoa normal e humilde. Cresci com uma base familiar forte e segui sempre os ensinamentos que me foram transmitidos em casa. Não tenho de me julgar mais do que os outros só porque sou jogador de futebol.

R – Com Ranieri foi chamado ao plantel principal do Chelsea. Por que razão Zola o fascinava?
FO – Nessa altura era o meu ídolo, achava incrível a sua postura em campo. Era o mais velho do grupo, tinha conquistado títulos atrás de títulos e era geralmente o primeiro a chegar ao clube e o último a sair. A vivacidade e o profissionalismo dele eram inigualáveis. Pensava que era impossível encontrar atletas assim. Como jogador era fantástico, como pessoa foi uma referência incontornável da minha passagem pelo Chelsea. Aprendi muito com Zola.

R – Com José Mourinho foi utilizado num jogo, em 2004/05...
FO – Esse Chelsea já era marcado por uma realidade diferente e, tendo em conta os anos anteriores, não joguei tanto na equipa principal.

R – Sente angústia por ter estado num grande clube, agora ainda mais mediático, e ter perdido a oportunidade de estar entre os melhores?
FO – Não. Eu tentei analisar as coisas de uma forma fria, sem esquecer, claro, que o sonho de qualquer jovem é jogar num grande clube e mediático. Para a mim, a carreira de um jogador tem de ser muito mais do que isso. Tem de haver satisfação e, não tendo eu lugar na equipa principal do Chelsea, embora pudesse ter uma ou outra oportunidade, o ideal era voltar para Portugal e procurar a evolução. Deixar o Chelsea não foi uma frustração, mas sim o enfrentar da realidade.

R – Era por isso que, estando no Chelsea, confessava o sonho de jogar no Sp. Braga, tendo mesmo o emblema no seu endereço de MSN...
FO – Quem convivia comigo no FC Porto, Chelsea, Marítimo e Leixões, sabia que eu era, sou e serei eternamente bracarense. Não posso fugir às minhas raízes. Ao serviço do Marítimo ganhei por 4-1 em Braga e na semana seguinte alguns colegas diziam que andava triste. Expliquei-lhes que não era uma questão de andar de triste, mas que gostaria era de ganhar por 4-1 a outro clube.

R – Entende por isso a luta do presidente António Salvador em querer ter o estádio cheio de bracarenses...
FO – Os bracarenses são adeptos ferrenhos e não é só o presidente que tem de lutar por esse objectivo. Todos nós temos de lutar para que as pessoas tenham vontade de ir ao estádio.

R – Prefere jogar numa obra de arte, sem a moldura humana desejada, ou o 1.º de Maio era o ideal?
FO – Com todo o respeito por todos aqueles que estiveram envolvidos no Estádio Axa, a mim diz-me muito mais o Estádio 1.º Maio.

R – Presumo que seja sócio do Sp. Braga...
FO – Quando fui para Inglaterra deixei de o ser, mas agora que regressei fiz-me novamente sócio.

In Record

esse jogador era do Chelsea?? nao me lembro dele... nao sabia...

Jogava na equipa B do Chelsea, se não me engano...