Zé Vítor

Zé Vítor empatou
O St. Gallen de Zé Vítor (jogou os 90 minutos), equipa orientada pelo ex-sportinguista Balakov, empatou sem golos na recepção ao Aarau e viu assim confirmado o seu nono lugar na Liga Suíça de futebol.
Agora terá de jogar a permanência frente o segundo classificado da Challenge League (correspondente à nossa Liga Vitalis).

Entrevista com Zé Vítor: "Suíços são muito entusiastas"
Zé Vítor joga na Suíça e garante que frieza é algo que não se sente nos estádios



Zé Vítor, o madeirense que joga St. Gallen, desde Janeiro, já conhece relativamente bem os adeptos suíços e garante que assistem ao futebol com entusiasmo. Por isso, alerta que Portugal terá de ter em conta o forte apoio que será prestado à selecção nacional da Suíça durante o Euro'2008.

Como se está a viver o Euro na Suíça? Nota-se que as pessoas já estão a preparar-se para a prova. Os suíços são muito correctos e organizados e querem fazer tudo bem feito. Por isso, creio que, por esse lado, será um campeonato muito interessante. Nas ruas já se vêem cartazes e outros motivos e em algumas cidades há relógios a indicar quantos dias, horas, minutos e segundos faltam para o início. Uma contagem decrescente. Em alguns estádios onde se vão realizar jogos já foi mudada a relva sintética para natural...

O que é que a selecção portuguesa vai ter à sua espera na Suíça? De certeza que vai ter um grande apoio porque há muitos emigrantes portugueses aqui. Por parte dos suíços, há muito respeito por Portugal. Sabem que é uma grande equipa e uma das que mais gostam de ver jogar.

Como é o ambiente que se vive nos estádios? Julgo que o jogo mais complicado de Portugal será com a Suíça devido ao público. Já pude comprovar que os suíços são espectadores muito entusiastas. Para mais, o jogo com o Portugal será em Basileia, que é um dos sítios onde as pessoas mais gostam de futebol.

A ideia que se transmite de uma certa frieza não é então verdadeira? Os suíços são frios e é a sua cultura mas não o são a ver futebol. Não são um povo tão hospitaleiro como os portugueses mas relativamente ao campeonato da Europa acho que vão receber da melhor forma quem cá vier porque têm a noção de que se trata de uma prova importante e que é o nome e a imagem do seu país que estarão em jogo.

Que tipo de expectativa é que as pessoas têm em relação ao comportamento da Suíça? Esperam pelo menos passar a primeira fase para a equipa chegar aos quartos-de-final. Sabem que a selecção joga em casa e de certeza que terá muito apoio em todos os seus jogos. Por isso há o sonho de conseguir esse objectivo, no mínimo.

Que tipo de equipa é a Suíça? Sinceramente, não a conheço bem, até porque a grande maioria dos seus jogadores está a jogar em clubes do estrangeiro. Não há muitos que joguem aqui no campeonato.

Está a pensar acompanhar o Euro na Suíça? Em princípio, não. Quando a temporada acabar aqui, pretendo voltar à Madeira para passar férias. Talvez possa assistir a algum jogo depois quando regressar à Suíça.

Voltar... mas para o Marítimo
Na Suíça um clube que não cumpre com os salários fica impedido de participar



Feliz pela experiência, mas triste pelo facto de a equipa não ter conseguido os seus objectivos. O St. Gallen desceu à segunda divisão do futebol suíço. Depois de ter passado por algumas dificuldades de adaptação o jogador madeirense diz-se adaptado à nova realidade e pronto para a luta. Não foi fácil superar a nostalgia do ambiente familiar, dos amigos, do sol e do mar. A gozar um período de férias, na terra que o viu nascer, Zé Vítor deixou bem vincado que o seu maior sonho é regressar à Madeira, mais precisamente ao seu clube do coração.

Como é que decorreu esta nova etapa da sua carreira? Foi muito positivo, essencialmente em termos pessoais. Já a nível desportivo não foi tão bom. Descemos de divisão, uma situação que me deixou imensamente triste. Arrisquei tudo, no que toca à minha carreira, mas acabei por não ser feliz. Contudo, sinto-me feliz, porque no plano individual tudo correu como eu esperava. Recebi muitos elogios por parte de todos aqueles que me acompanharam.

Não esperava descer de divisão? Foram momentos difíceis. Vivi horas menos boas. Não foi fácil ultrapassar tudo o que aconteceu. A equipa e os adeptos não mereciam que a equipa caísse na segunda divisão. Tínhamos uma equipa forte, que acabou bastante fragilizada devido a lesões. Não consegui dormir. Tive duas noites sem pregar olho, porque não esperava tal cenário.

Como reagiu ao facto de os adeptos terem partido o estádio quando confrontados, com a descida? Essa situação não teve nada a ver com o facto de a equipa ter descido. No final do encontro, que ditou a nossa descida, os adeptos fizeram questão de nos aplaudir de pé. Foi bonito, tendo em conta o facto de a equipa ter sido bastante infeliz. Demos um autêntico massacre no nosso adversário. Só perdemos por mera infelicidade e os nossos adeptos reconheceram. A reacção dos adeptos não teve nada a ver com os jogadores, mas sim com o facto de ser o último jogo naquele recinto. Todos fizeram questão de ficar com uma recordação. Por isso, tiveram essa atitude.

Valeu a pena ter saído da Madeira ? Sim. Fiz bons jogos e acho que não defraudei ninguém. Foi uma experiência bastante agradável, num clube em que toda a gente me tratou bem.

As suas exibições motivaram interesse de algum clube de maior nomeada? Tive três ou quatro abordagens de outros clubes de topo, que me deixaram bastante feliz, mas até ao momento não passou disso. Todavia, os responsáveis do St. Gallen estão satisfeitos comigo. Será muito difícil sair, no entanto, tudo pode acontecer.

O futebol português e o da Suíça. Quais as diferenças? As diferenças são poucas. Na Suíça trabalha-se mais o nível físico. O futebol é mais musculado, mais rápido e existe bastante pressão. Pena os relvados não estarem nas melhores condições.

Como vive um emigrante do futebol na Suíça? É bastante complicado. Os primeiros dois meses foram muito maus. Passei momentos bastante tristes. Chorei bastante, porque não é fácil. Somos confrontados com um ambiente completamente diferente do nosso. O frio é intenso. Não há vida. Foi muito mau, mas aos poucos estou ultrapassando com a preciosa ajuda da minha esposa. O momento mais difícil foi o dia do meu aniversário, longe de todos os amigos e da família. Nesse aspecto a minha esposa tem sido impecável. Acho que sem ela não conseguia ultrapassar todas as dificuldades que encontrei.

A receptividade das pessoas foi boa? Excelente. Quanto a isso não tive qualquer problema. O mister Balakov, que dispensa apresentações, foi extraordinário. Gosta muito de mim e ajudou-me imenso. Nunca me faltou nada. O que faz falta num país como a Suíça? O mar e o sol. Adoro o mar. Fazia sempre praia, quer fizesse calor ou frio. Não ver o mar complica muito. Uma das pechas da Suíça é a falta de sol e do mar. De resto tem tudo.

O futuro passa por onde? Tenho contrato por mais dois anos. Mas neste momento tudo pode acontecer. Há hipóteses também de sair, mas neste momento é prematuro adiantar algo acerca disso. O futuro vai dizer.

Acompanhou a carreira das equipas madeirenses? Claro que sim. O Marítimo fez uma boa temporada. Está de parabéns por estar de novo na rota da Europa. Quanto ao Nacional, teve períodos bons e maus, mas fazendo um campeonato razoável. E a descida da AD Machico? É óbvio que fiquei triste. Foi um clube que me marcou muito. Espero que o regresso seja rápido. Acredito que sim...

Está no seu horizonte regressar à Madeira? Não posso dizer que não gostava de regressar. Adoro a minha ilha. O regresso de verde-rubro ou preto-branco? Sou profissional, mas não posso esconder que sou do Marítimo. É o meu clube do coração, onde joguei durante quinze anos. É natural que adorava voltar a jogar no Marítimo, mas neste momento não passa de um hipótese muito remota.

A saída do Nacional foi pacífica? Agradeço aos adeptos e a todos aqueles que me ajudaram. Fiquei com muita mágoa. Dei tudo em prol do clube. Nesse aspecto, ninguém me pode apontar nada. No entanto, saí magoado com algumas pessoas, cujo nome não quero pronunciar. Passaram-se coisas das quais nem quero recordar. Existem bons valores na Madeira que muitas vezes não são devidamente aproveitados.

Mas, foi o Nacional que lhe abriu as portas para o mais alto nível? Nunca vou esquecer isso, mas também não vou esquecer outras situações que aconteceram quando estava no clube. Estou muito magoado.

Já se vive o Euro 2008 na Suíça? Sim. Há muitos emigrantes portugueses na Suíça. Não vai faltar apoio à nossa selecção. Há muito publicidade e sente-se já o calor da emoção. Portugal vai sentir-se em casa.

O Cristiano Ronaldo vai fazer a diferença? Convivi com o Ronaldo quando era criança. Tenho uma grande admiração por ele, mas acho que Portugal não pode depender só dele.

Acredita numa boa campanha da selecção? Acredito, mas acho que estão colocando a fasquia muito alta. A este nível não há adversários fáceis. Todo o cuidado é pouco.

Vai torcer pelo amigo Diego Benaglio? Primeiro Portugal. Sou amigo do Diego. Tenho muito consideração por ele. Desejo-lhe a maior sorte do mundo, mas nunca contra Portugal.

Vai acompanhar o Euro 2008? Sim. Vou tentar ver dois jogos. Os trabalhos começam a 16 de Junho, em Hamburgo. Por isso, só depois de lá estar é que vou ver qual a disponibilidade.

Qual o principal favorito? Como português queria que fosse Portugal. Contudo, temos de ter em conta as poderosas selecções da Itália, França, Espanha e Alemanha.

Os suíços gostam de futebol? Tinha a impressão de que não, mas quando fui confrontado com a realidade, vi logo que está completamente equivocado. São uns autênticos fanáticos. Aliás, vamos ter, a partir da próxima época, um estádio novo, com capacidade para 23.500 espectadores. Há o hóquei no gelo também, mas o futebol não fica atrás.

Há apitos dourados e finais na Suíça? Não. Há polémicas, mas nada que se compare. A mentalidade é completamente diferente. Nesse aspecto não há qualquer problema. Na Suíça, existe rigor. Paga-se a horas e, quem tem dívidas fica impedido de participar em qualquer competição. Lá não há brincadeiras...

Zé Vítor titular
O Saint-Gallen do madeirense Zé Vítor estreou-se da melhor forma na edição 2008/09 do campeonato suíço da II divisão, ao vencer por 2-0 na recepção ao FC Concordia.
O médio madeirense foi titular na equipa orientada por Forte Ulrich, tendo visto um 'amarelo' aos 25 minutos, e sido substituído aos 69 minutos, altura em que o Saint-Gallen vencia já por 1-0, graças ao golo Muntwiler.
Aos 84 Moreno fez o 2-0 final, resultado que permite ao Saint-Gallen integrar o grupo dos líderes.
Resultados já conhecidos da primeira jornada: Gossau-Wohlen, 2-0; Winterthur-Locarno, 2-0; Chaux-de-F-Lausanne, 0-2; Yverdon-Sp -Nyonnais, 3-0; St. Gallen -Concordia, 2-0; Biel- Schaffhaus, 4-1; Servette - Lugano, 1-4.

Zé Vítor em alta
O madeirense Zé Vitor continua a ajudar a sua equipa a somar triunfos na segunda divisão do futebol suíço. O St. Gallen recebeu ontem o Biel e 'despachou' a contenda com quatro golos sem resposta, com Zé Vítor a voltar a ser opção inicial.
Assim, ao cabo de quatro jornadas, o St. Gallen lidera o campeonato com 12 pontos conquistados em outros tantos possíveis.
O objectivo do madeirenses e demais colegas é simples: regressar ao escalão principal da Suíça. E parecem bem lançados para o efeito tendo em conta o pecúlio alcançado durante este arranque de prova.