[30ª Jornada] Nacional 1-2 Belenenses | [RESULTADO FINAL]

Despedida amarga
O jogo foi agradável e o Nacional não merecia sair derrotado.





Os nacionalistas despediram-se da Liga BWIN, edição 2007-2008, com uma derrota, desta feita ante o Belenenses. Foi esta a imagem da derrota que ficou 'gravada' nos corações dos seus adeptos e simpatizantes, e na contabilidade final de mais um campeonato. O Nacional apresentou-se para o jogo de ontem com uma única alteração relativamente à partida da pretérita jornada, no Estádio do Dragão. Pateiro foi a novidade de um 'onze', que voltou a apresentar a estratégia da semana transacta.
Depois de um período de estudo, o Nacional soltou-se e deu o primeiro sinal de perigo através de um cruzamento de Patacas.
Até aos 21 minutos, altura em que o Belenenses chegou pela primeira vez à baliza de Rafael Bracalli, o Nacional desfrutou de maior domínio e de uma soberana oportunidade para marcar, mas Fábio Coentrão e Rodrigo acabaram por desperdiçar.
Com Fábio Coentrão a cair constantemente em fora-de-jogo, as linhas recuadas dos alvinegros exerciam um 'pressing' constante às 'pedras' mais influentes do adversário, que nunca souberam fugir à marcação. Insatisfeito com o rendimento da sua equipa, Jorge Jesus faz saltar do banco Fernando para o lugar do apagado José Pedro.
Uma alteração que não surtiu qualquer efeito. E foi com os locais a criarem sucessivos embaraços à defensiva contrária que chegou o intervalo.

Nacional entra a marcar
A segunda parte começou como a primeira terminara: com o Nacional a forçar o ataque, testando a atenção de Júlio César, que acabou por ser batido pelo sentido de oportunidade de Fábio Coentrão, que aproveitou para obter o golo inaugural.
Entretanto, quando ainda eram visíveis, nas bancadas, os festejos dos adeptos da equipa da casa aconteceu o impensável. O Belenenses chegou à igualdade, por intermédio de Weldon, que aproveitou uma falha clamorosa de Rafael Bracalli e de Fernando Cardozo.
Os nacionalistas sentiram o rude golpe e viveram alguns momentos de intranquilidade, com Patacas a ser expulso.
Os forasteiros passaram a mandar na partida, dominando a zona intermediária, com sucessivas trocas de bola e, claro, espreitando a velocidade de João Paulo e Weldon.
E o tento que iria ditar o vencedor não tardou a acontecer, desta vez obtido por João Paulo. Os nacionalistas, mesmo em inferioridade numérica, tudo fizeram para chegar à igualdade, ante um adversário que se limitou a gerir vantagem.
Os alvinegros ainda conseguiram 'violar' a baliza de Júlio César, contudo, o lance foi prontamente anulado pelo assistente nº 1, por suposta posição irregular de Juninho, que acabou sendo admoestado com um cartão amarelo por protestos.

O árbitro, Paulo Baptista, árbitro de Portalegre
Arbitragem com alguns erros técnicos de Paulo Baptista, com os seus assistentes a estarem em particular destaque pelo elevado número de foras-de-jogo assinalados ao ataque do Nacional, essencialmente a Fábio Coentrão. Ficou-nos algumas dúvidas, na posição irregular, assinalada a Juninho, já no declinar da partida.

"Não era a despedida desejada" reconhece Joka
Predrag Jokanovic surgiu na sala de imprensa boa disposição. O técnico alvinegro reconheceu que: " não era esta a despedida que desejava. Nós queríamos- nos despedir dos nossos adeptos com uma vitória contra uma equipa boa. O Belenenses tem uma equipa muito perigosa. Nós sabíamos isso e entrámos, na primeira parte, um pouco cautelosos, porque a transição do ataque do antagonista é muito rápida. No primeiro período tentámos mais controlar do que marcar golos." Considerou que : " na segunda parte, que foi mais difícil, conseguimos marcar um golo. Logo a seguir a nossa defesa cometeu um erro que nos custou caro, pois o Belenenses aproveitou para igualar. Depois fomos obrigados a ir para a frente e o adversário num contra-ataque rápido marcou o segundo golo e ganhou o jogo." A expulsão de Patacas foi analisada: " ainda não falei com ele sobre o lance que motivou a sua expulsão. Ao longo da sua carreira ele não viu mais do que três ou quatro cartões vermelhos. Conheço-o bem, pois cheguei a jogar com ele e este ano fui seu treinador. Não é um jogador conflituoso." Acerca do desfecho final entende que: o resultado mais justo teria sido o empate. Contudo como já afirmei aqui várias vezes quem marca ganha. No final falar em justiça ou injustiça é complicado. O Belenenses marcou dois e o Nacional um, os três pontos foram para o Restelo. É verdade que o Nacional teve algumas oportunidades mas não conseguiu marcar. Talvez que o resultado mais justo fosse o empate. Parabéns ao Belenenses." O futuro de Jokanovic foi, novamente, ventilado. O técnico alvinegro não teve rebuço em confirmar: " estou disponível para continuar. Estou aqui há sete anos. Estou contente por estar aqui. Agradeço ao Nacional. O presidente é que vai decidir da minha continuação. Ele é que vos pode elucidar.".

Jorge Jesus considera que a vitória foi justa
Jorge Jesus começou por confessar que: " quisemos acabar com uma vitória e conseguimos. Sabíamos que com uma vitória diante o Nacional, atingiríamos uma pontuação, nossa, de quarenta e seis pontos, que dava acesso ao quinto ou sexto classificado e consequentemente a mais uma participação na Taça UEFA. Face ao problema do Meyong retiraram-nos seis pontos e as contas verídicas não são estas.".
Centrando a sua atenção no jogo que a sua equipa acabara de vencer, elucidou que: " vencemos com mérito, fomos uma equipa muito mais fresca do que o Nacional. Soubemos decidir melhor todas as situações de finalização que o Belenenses teve e as aproveitou.".
A finalizar acrescentou que: "penso que a minha equipa foi uma justa vencedora. Os meus jogadores estão de parabéns, pela época brilhante que fizeram. Quero agradecer a eles de alma e coração porque formaram uma equipa muito forte dentro do campo e constituíram um bloco muito sólido e muito unido.".

Pior ataque da Liga
O Nacional termina a temporada 2007/2008 com o pior ataque da Liga Bwin. O golo apontado por F. Coentrão diante o Belenenses foi o vigésimo terceiro. Como o Leiria já marcou vinte e quatro golos, o epíteto de pior ataque já não 'foge' aos alvinegros.

Três derrotas
Com o desaire diante o Belenenses o Nacional amealhou a terceira derrota consecutiva em casa. Primeiro foi diante o Paços de Ferreira (1-2),depois ante a Académica(0-3) e ontem face aos 'azuis' do Restelo (1-2). Nos últimos três jogos na Choupana o Nacional sofreu sete golos e apontou dois e não adregou pontuar.

Acabar com mais uma derrota...





Não poderemos dizer, porque aí não estaríamos a ser coerentes, acima de tudo pelo que se passou em campo ao longo do período de jogo, que o Belenenses justificou cabalmente a vitória.
Com efeito, o Nacional foi menos feliz, não logrando aproveitar os seus ensejos. Mas isso é futebol e a velha máxima que ganha quem marca, ou quem mais marca, é sempre a crua realidade do futebol. Daí talvez o seu fascínio.
Esperava-se mais dos alvi-negros, acima de tudo após a vitória no Dragão. Não só pelo resultado em si, mas também pela exibição colorida e alegre que protagonizou.
Contudo, este jogo voltou a mostrar mais do mesmo, ou seja, nos últimos seis jogos, cinco derrotas. Elucidativo.
Esta acaba por ser uma época periclitante, em vários aspectos. Primeiro, o objectivo que passou para a opinião pública era apenas o de assegurar a manutenção, todavia, com o decorrer dos jogos, a aposta subiu e passou a ser uma participação europeia. Esse sonho não estava totalmente posto de parte nesta partida, pois uma vitória poderia ainda levar os madeirenses à Taça Interoto, embora não dependendo unicamente de si. Igual sonho acalentava o Belenenses. No final, nenhum teve motivos mínimos para festejar.
O Nacional tem o pior ataque da Liga, mas em contrapartida, tem uma das melhores defesas. Essa é uma estatística que muitas das vezes pode levar a resultados práticos. Aliás é usual dizer-se que os avançados ganham jogos, mas as defesas campeonatos.
O Nacional não entrou mal no jogo. Logo aos 9’, Juliano Spadacio num remate de longe, fez a bola passar junto à barra. Quatro minutos volvidos, num lance muito confuso na área, primeiro Fábio Coentrão e depois Rodrigo não tiveram o engenho de introduzir a bola na baliza à guarda de Júlio César. Não obstante esse ímpeto inicial, os azuis do Restelo responderam e aos 21’, Cléber evitou que um potente remate de Silas resultasse em golo. A partida estava equilibrada e só já bem perto do intervalo surgiu um outro ensejo, mais plausível, num remate de Fábio Coentrão marcava o cronómetro 40’.
A segunda metade foi mais intensa. O Nacional chegou ao golo num bom trabalho de Fábio Coentrão mas a igualdade foi rapidamente estabelecida, num toque de Weldon. Poucos minutos depois, foi consumada a reviravolta no marcador, num cabeceamento de João Paulo.
O Nacional procurou reagir e mesmo reduzido a dez elementos exerceu alguma pressão junto da baliza de Júlio César com o Belenenses a procurar, em rápidos contra-ataques, sentenciar a partida.
Pelo produzido por ambos os conjuntos, o empate seria o mais ajustado, mas pervaleceu a eficácia e aí o Belenenses foi mais forte.

Muitas alterações em perspectiva
Ainda não terminou a presente temporada, pese embora o Nacional ter realizado já ontem a sua derradeira partida na liga portuguesa, e já os "alvinegros" preparam a próxima. Rui Alves foi ausência notada ontem na Choupana, dado encontrar-se no continente sul-americano — Argentina e Brasil — precisamente numa acção de prospecção e, quiçá mesmo, já de recurtamento de jogadores para a próxima temporada. Serão muitas as alterações, sendo nesta altura já conhecidas as saídas de João Coimbra, Halliche e Fábio Coentrão, um trio de emprestados pelo Benfica que irão regressar a casa. A estes junta-se também Marcelo Lipatin, que já manifestou o seu desejo de procurar outros palcos, bem como Fellype Gabriel, que regressa ao Flamengo, o mesmo trajecto que irá fazer Reinaldo, um jogador que chegou à Choupana em Dezembro mas que dispôs de raras ocasiões para jogar. Em, final de contrato estão o guarda-redes Belman e também os defesas Patacas e Cardozo. São pois certas já algumas saídas, a que deverão ser adicionadas ainda outras de atletas que, mesmo com contrato, não corresponderam às expectativas.
Hoje é dia de folga para os "alvinegros", com treino na tarde de amanhã, onde será divulgada a lista de convocados para o jogo da final da Taça da Madeira, terça-feira, às 20h00, no Estádio dos Barreiros, frente ao Marítimo. Depois, na quinta-feira será a dia de amigável com a equipa Sub'20 do Cruzeiro, numa partida agendada para as 20h30 no Estádio da Madeira. Esse será o derradeiro acto da temporada.

Um grupo de adeptos do Belenenses reuniu-se no Restaurante Clássico no Duas Torres, num almoço convívio.

«Estou feliz aqui»
Jokanovic referia no final «que havia a expectativa de se despedir dos adeptos com uma vitória, mas não tivemos capacidade para isso. O Belenenses é uma equipa muito boa. Conseguimos fazer o mais difícil que foi marcar um golo, mas depois um erro da nossa defesa custou-nos caro. De qualquer maneira, penso que o empate seria o resultado mais justo. Faltam ainda dois jogos para acabar a época e depois, aí sim, poderemos falar do futuro. Estou feliz por estar a trabalhar aqui e pela oportunidade que me foi dada».

«Fomos sempre mais equipa»
Por seu lado, o técnico do Belenenses, Jorge Jesus afirmava que «queríamos acabar com uma vitória, o que foi conseguido. A equipa técnica e os jogadores sabem que em campo, fizemos 46 pontos, o que nos daria acesso à Taça UEFA, mas face ao problema do Meyong essas não são as contas verídicas. Vencemos este jogo com mérito. Fomos uma equipa muito mais fresca e soubemos decidir melhor. Fomos sempre mais equipa»

O melhor
Fábio Coentrão (6) - Marcou o golo, num bonito gesto técnico, mas desperdiçou outros dois, para além de se mostrar ousado em boas iniciativas individuais. Foi claramamente o “alvinegro” que mais tentou “remar contra a maré”, terminando a temporada em boa forma. Pela negativa, registe-se as sete (?) vezes que foi apanhado em posição irregular.

Bracalli (4) — Não sai isento de culpas no golo que resultou na igualdade, numa saída fora de tempo da sua baliza. No mais cumpriu, tendo apenas necessitado se aplicar aos 86', opondo-se a um remate de Weldon.
Patacas (4) — Num jogo em que esteve muito contido nas acções ofensivas, acabou por evitar o cartão amarelo com um... vermelho.
Felipe Lopes (4) — Ágil e atento, resolveu quase todos os problemas na sua zona, mas acabou por "manchar" a actuação ao não conseguir interceptar o cruzamento, que resultou no golo da vitória do Belenenses.
Cardozo (4) — Mostrou acerto no ataque organizado do adversário mas dificuldades no contra-ataque. Acabou por dividir com Weldon o primeiro golo dos "azuis".
Ricardo Fernandes (4) — Estranhamente muito faltoso, Weldon não lhe deu descanso, expondo algumas fraquezas físicas do central insular.
Pateiro (4) — Foi falso defesa esquerdo, mas colaborou pouco nas acções ofensivas. Ameaçou arrancar para uma boa exibição, quando aos 13' "rasgou" até oferecer o golo que Rodrigo e Coentrão desperdiçaram.
Cléber (5) — Foi o mais equilibrado da equipa, evitando ainda um golo, que parecia certo, de Weldon. Falhou nas (más) opções de passe que tomou.
Edson (4) — Bom recuperador de bolas, mas só em ritmo lento. Quando os adversários aceleraram, denotou deficiências.
Juliano (4) — Não "agarrou" o jogo e não esteve tão acertado, como é hábito, no passe. Em resultado disso, a equipa ficou "órfão" do seu principal organizador de jogo.
Rodrigo (4) — Falhou um golo, logo aos 13', e fui tudo numa exibição esforçada.
Juninho (5) — Boa entrada em jogo, com um excelente remate aos 79' e um incrível desperdício aos 87'.
Adriano (2) — Trouxe alguma velocidade, mas, na prática, tal revelou-se inconsequente.
João Coimbra (3) — Cumpriu no apoio à defesa.