Estádio dos Barreiros

Estádio dos Barreiros cedido já no próximo mês de Junho
«O Marítimo está na Europa. Parabéns àqueles que o conduziram esta época. Com as grandes limitações financeiras que tiveram, conseguiram esse objectivo», felicitou ontem o secretário regional de Educação e Cultura, Francisco Fernandes.



O processo de cedência do Estádio dos Barreiros ao Marítimo irá avançar ainda no decorrer deste semestre, portanto, até Junho.
A notícia foi avançada pelo secretário regional de Educação e Cultura, ontem, à margem da realização de um simulacro de incêndio na Escola Básica e Secundária Lucinda Andrade, em São Vicente.
Confrontado com a ascensão do Marítimo à Taça UEFA e com o pedido do presidente do clube para que na próxima temporada já possa ter o “caldeirão”, Francisco Fernandes disse que «vamos, dentro de pouco tempo, penso que ainda neste primeiro semestre, avançar com o processo que está em curso e que já foi pré-anunciado relativamente ao futuro daquele estádio». Depois, continuou, «são ‘timmings’ de obras que me ultrapassam». Mas, acrescentou, «tanto quanto sei, é possível fazer conviver a actividade desportiva e a modernização do estádio».
Por outro lado, o secretário felicitou o clube pela ascensão à UEFA e sublinhou o facto de aqueles que o conduziram esta época, «com as grandes limitações financeiras» que tiveram, terem conseguido esse objectivo.
Por fim, questionado sobre se o Marítimo vai ter um reforço de verbas, o governante disse que ainda não há nenhuma decisão nesse sentido, mas admitiu que há a possibilidade de isso acontecer. «Tem havido essa possibilidade, excepto na última representação europeia, mas é uma possibilidade que está em aberto», sustentou.

Estádio é da Região



O Estádio dos Barreiros já se encontra registado em nome da Região Autónoma da Madeira. Desta forma, foi ultrapassado mais um obstáculo no processo que visa a cedência do recinto ao Marítimo da Madeira Futebol SAD. Recorde-se que foram algumas as dúvidas lançadas, provenientes dos mais diversos quadrantes, questionando a legitimidade do Governo Regional em concretizar a operação. Agora, com este registo, fica exaltado que a razão lhe assiste e tudo está praticamente concluído. O passo seguinte, a ser dado muito em breve, será a indicação do Executivo da Região aos secretários regionais que irão outorgar o contrato de cedência do Estádio dos Barreiros aos "verde-rubros". O objectivo do Marítimo é ter o renovado espaço apto a receber competições por ocasião das comemorações do centenário da colectividade, em 2010, algo que, com este importante passo que agora foi dado, parece cada vez mais possível de concretizar. De resto, concluídas que estejam essas "burocracias", que se seguem, as obras deverão ter início muito em breve, quiçá mesmo antes do princípio da próxima época desportiva (08/09), sendo certo que o Marítimo fará casa nos Barreiros, mesmo durante essas obras de beneficiação. Estas, serão executadas por fases, de modo a não afectarem a prestação da equipa na liga portuguesa e na Taça UEFA.

'Arena do Marítimo' pronto em 20 meses
Apenas o relvado e parte da pista sõ aproveitáveis
Obras vão custar mais de 46 milhões



A cedência do Estádio dos Barreiros ao Marítimo é definitiva e gratuita. E vem quase tudo abaixo. Ali vai nascer o 'Arena do Marítimo', um projecto orçado em mais de 46 milhões de euros, para concretizar em 20 meses. O concurso internacional já foi publicado no Jornal Oficial das Comunidades Europeias. A obra deverá ser adjudicada até ao final de Outubro deste ano, para estrear no início da época 2010/2011.
O projecto, que está actualmente a ser apreciado pela Câmara Municipal do Funchal, contempla a construção de um 'estádio verde', porque aproveitará todas as energias naturais. Terá capacidade para cerca de nove mil lugares, todos sentados.
Da actual estrutura do estádio dos Barreiros, velha e ultrapassada, apenas será aproveitado o rectângulo de jogo e parte da pista existente. No entanto, está fora de hipótese a manutenção da pista de atletismo, estando previsto apenas um espaço para treinos específicos. O resto será demolido e construído de novo.

'Arena do Marítimo - Madeira' versus Estádio da Madeira







A designação escolhida para o renovado estádio é 'Arena do Marítimo - Madeira'. Um nome que acompanha o que se vai fazendo pela Europa do futebol, para além de subtilmente secundarizar a antecipação do rival C. D. Nacional, quando renomeou o Estádio Eng.º Rui Alves para 'Estádio da Madeira'.
O 'Arena do Marítimo' será um estádio desportivo e cultural, concebido para receber todo o tipo de eventos culturais, como concertos musicais e outros espectáculos de pequena e grande envergadura.
Segundo os dados constantes do concurso público internacional, a empreitada de construção engloba demolições e movimentos de terras, fundações, estruturas de betão armado e estruturas metálicas, impermeabilizações e outros trabalhos. O valor estimado para o contrato é de 46.500 mil euros, ainda sem IVA.
O Club Sport Marítimo da Madeira, a entidade adjudicante que está a contratar por conta do Governo Regional, estabeleceu a sexta-feira 17 de Outubro como prazo limite para a recepção de propostas ou dos pedidos de participação de interessados. As propostas deverão ser abertas na segunda-feira seguinte, dia 20 de Outubro, pelas 10 horas.

Obras no 'Arena' não impedem realização de jogos
As obras para a construção do 'Arena do Marítimo - Madeira' durarão cerca de 20 meses, abrangendo duas épocas desportivas. No entanto, pelo que o DIÁRIO apurou, não está prevista a inutilização do estádio em nenhuma fase dos trabalhos, pelo que o Marítimo poderá disputar ali todos os jogos das competições em que estiver empenhado.
O exemplo a seguir será o da remodelação do Estádio do Bessa, do Boavista, cujas obras não impediram a realização de jogos. Nos Barreiros, a primeira parte a demolir será a do actual 'peão'; a segunda fase será a da central. Haverá 500 postos de estacionamento automóvel, entre o actual 'galinheiro' e sob o futuro 'peão'. O novo estádio manterá as colunas em cantaria, à entrada para o recinto desportivo. Será um 'estádio verde', porque captará diversas fontes de energia, conservando-as. É o caso das águas pluviais, que serão armazenadas para rega; depois, a própria água da rega voltará a ser reaproveitada.
Uma das características do concurso público é a admissão de variantes. Ou seja, os interessados têm 70 dias para apresentarem alternativas, eventualmente baixando o preço-base como forma de apresentarem a melhor proposta. Em tempo de crise...

"Arena? Faz-me lembrar touradas"





Alberto João Jardim não concorda com a denominação escolhida pelos responsáveis do Marítimo para o Estádio dos Barreiros. "Confesso que não gosto do nome. Arena dá um ar de tourada e para touradas já me basta aturar os gajos do lado de lá", disse o presidente do Governo Regional ao DIÁRIO, numa clara provocação ao Governo de Sócrates.
Ao DIÁRIO, o líder do Executivo madeirense salientou que está a par de todo o processo - "estou a seguir todos os trâmites legais", disse -, destacando que era necessário avançar com o lançamento de concurso público internacional quanto antes, para acelerar com o arranque da remodelação da infra-estrutura, cujas obras têm de estar concluídas até 2010. "Era nossa intenção abrir concurso público internacional logo que se tivesse a resolução afinada, no sentido de podermos inaugurar o estádio no ano do centenário do Marítimo", sublinhou o governante.
Essa solução jurídica - encontrada para viabilizar a entrega do espaço ao Marítimo - não foi ainda divulgada, mas deverá ser publicada no Jornal Oficial da Região em breve, provavelmente no decorrer do mês de Agosto. "É um documento muito bem feito, detalhado, mas não sei de cor o seu conteúdo", disse Alberto João Jardim, desafiando os interessados a ler o documento, confiante de que não há forma de rebater.
A remodelação do Estádio dos Barreiros, futuro 'Arena do Marítimo - Madeira', vai custar mais de 46 milhões de euros, contudo, as verbas não serão integralmente pagas pelo Governo Regional. Questionámos Alberto João Jardim sobre qual a percentagem de financiamento que o Governo irá assumir no custo total da obra. A resposta foi vaga. "Há um mecanismo financeiro que está montado e que joga, de certo modo, com a sociedade que o Governo tem com o Marítimo", disse Jardim, sem precisar, no entanto, os valores em causa.

Câmara licencia obra em dois meses
Até meados de Setembro o Marítimo deverá ter na mão a licença para a construção da sua 'Arena' no espaço agora ocupado pelo estádio dos Barreiros. A informação foi ontem avançada ao DIÁRIO por João Rodrigues, vereador da Câmara Municipal do Funchal com o pelouro do urbanismo. "O processo deu entrada nos serviços camarários há cerca de duas semanas", informa o autarca. Foram já pedidos os pareceres necessários à Protecção Civil, ao IDRAM e à Direcção Regional do Ordenamento do Território. "Essas entidades têm um mês para se pronunciar e, depois de recebermos os pareceres, no prazo máximo de um mês estaremos em condições de emitir o licenciamento", avança.
Miguel Albuquerque, presidente da autarquia funchalense, mostra-se também confiante numa rápida solução do processo. "Trata-se da reconstrução de um estádio, numa zona destinada a um estádio. Não vejo motivos para grandes complicações, até porque a Câmara apenas irá analisar a questão das acessibilidades e dos estacionamentos. A questão funcional será analisada pelas entidades a quem já pedimos os pareceres e a questão infra-estrutural está salvaguardada com o termo de responsabilidade do arquitecto responsável." Perante isto, apenas a questão dos estacionamentos poderá complicar a aprovação do projecto. Estão previstos 500, o que poderá ser pouco para os 9000 lugares do estádio. "Não conheço o projecto mas vamos analisar as coisas e ver o que é possível fazer", avança Albuquerque.
O Marítimo ainda não apresentou o registo da propriedade do terreno mas João Rodrigues garante que isso é normal. "São muitos os casos em que nos pedem um prazo mais alargado para comprovar a titularidade do terreno". E dá exemplos: "São terrenos comprados dos quais existe contrato-promessa mas ainda não está feito o registo, ou situações desse género.".
Salienta, no entanto, que a aprovação final do processo está dependente da apresentação desses documentos: "Sem isso nada feito.".
Admirador confesso do Estádio dos Barreiros, Miguel Albuquerque não esconde um certo desencanto por saber que o estádio vem abaixo para dar lugar à 'Arena do Marítimo'. Mas mostra-se conformado: "Em termos práticos, a verdade é que para jogar em alta competição o Estádio dos Barreiros já não é muito funcional, pelo que torna-se necessário fazer adaptações. É assim o progresso", justifica.
Do mesmo modo encara com naturalidade a perda da pista de atletismo. "Será uma perda para a cidade mas vamos procurar outras soluções. Algumas delas, aliás, já existem", lembra Miguel Albuquerque. Do que não tem dúvidas é que esta é a melhor solução. "Os Barreiros é um estádio bonito, acredito que o novo projecto também o será, fica bem situado e não tenho dúvidas de que será muito bom para a cidade ter ali um estádio.".

Alberto João Jardim chumba 'Arena do Marítimo'
Presidente do GR prefere que clube mantenha nome dos Barreiros ou use o do Marítimo



Maritimista convicto, Alberto João Jardim não gostou do nome proposto pelo Sociedade Anónima Desportiva (SAD), liderada por Carlos Pereira, para baptizar o futuro estádio do clube, quando for requalificado, no lugar do actual. Isso mesmo já havia declarado nas páginas do DIÁRIO, após o nosso jornal ter revelado que a opção do clube tinha sido 'Arena do Marítimo'.
A designação escolhida não agradou ao Governo Regional. Foi o próprio Presidente do GR, de férias no Porto Santo, que mandou devolver a proposta, com a opção de manterem o actual, Barreiros, ou, em alternativa, mudarem para o nome do próprio clube, Marítimo.
A justificação foi dada ontem ao DIÁRIO pelo próprio Jardim: "[Arena] foi um nome que não caiu bem no seio do Governo e, portanto, foi comunicado ao Martítimo que não há razão para se mudar o nome de Estádio dos Barreiros. Quando muito o Governo aceita Estádio do Marítimo", afirmou categoricamente.
Jardim chega ao ponto de dizer que a escolha de Carlos Pereira e seus administradores "não foi feliz, em termos desportivos".
Questionado sobre o porquê da intransigência e imposição, no fundo, do 'dono' daquela infra-estrutura cedida ao clube, o líder do executivo regional salientou que "faz parte das condições" apresentadas ao Marítimo, "entre outras condições do contrato assinado, com base na nova resolução".
Quanto a prazos de inícios de obras, Jardim diz que nada tem a ver com isso, deixando à responsabilidade dos dirigentes do 'seu' Marítimo. Também ontem o DIÁRIO contactou Carlos Pereira, que acompanha a equipa no Norte do país. No entanto, o presidente do Marítimo escusou-se a fazer quaisquer comentários, para já.

Com vertente comercial
O Estádio dos Barreiros será cedido ao Clube Sport Marítimo e não ao Marítimo da Madeira Futebol SAD. Desta forma fica garantida a "figura" de utilidade pública, mas tal não deverá inviabilizar que a gestão comercial possa ser exercida.



O Estádio dos Barreiros será cedido ao Clube Sport Marítimo e não ao Marítimo da Madeira Futebol SAD, mas a nova resolução, publicada no Jornal Oficial da Região no passado dia 14 de Agosto, não deverá impedir que os "verde-rubros" possam explorar a vertente comercial do espaço, após as obras de renovação ali executadas. O "alarme" foi despoletado por uma notícia veiculada pelo Jornal Público, que dava conta da incompatibilidade entre a cedência a uma instituição de utilidade pública e a gestão comercial. Esse não é, contudo, o entendimento de Francisco Fernandes, secretário regional da Educação, que ontem abordou o assunto, após o Conselho de Governo. «O Estádio dos Barreiros, apesar de qualquer ónus que pudesse existir desde 1934, com a doação inicial, já tinha fins comerciais: entradas pagas e utilização paga da pista e do estádio, entre outros. Agora, terá, eventualmente, outros serviços que também podem ter exploração comercial. Isso não está impedido naquilo que foi agora decidido», conforme assegurou aos microfones da RDP Madeira. De resto, exalta mesmo que o recinto "verde-rubro" «pode ter valências comerciais. Inclusivamente há uma recomendação do GR no sentido de que no espaço onde hoje há um polidesportivo, em que será construído um parque de estacionamento, existir uma zona de escritórios que, eventualmente, será utilizado por serviços do próprio GR, que estejam a funcionar em outros locais, mediante pagamento de rendas em edifícios alheios. Nas zonas inferiores das bancadas, os espaços que possam ser rentabilizados, tipo ginásios, zonas de restauração, etc… São vertentes comerciais que o estádio continuará a ter».
Na prática, apenas terá mudado a figura jurídica, com o Clube Sport Marítimo a surgir no lugar onde, numa primeira análise, deveria estar o Marítimo da Madeira Futebol SAD. A razão não estará dissociada do estatuto de utilidade pública que a colectividade aufere, ao contrário do sucedido com a SAD. «A única precaução que esta resolução recomenda, e que em sede do instrumento contratual vai ser feito, é que se salvaguardem os princípios de serviço público. Portanto, vai continuar a haver utilização pública», explica Francisco Fernandes.
Pese essa resolução de 14 de Agosto, número 819/2008, alterar alguns pressupostos na cedência dos Estádio dos Barreiros, a utilidade pública foi protegida e jamais poderá desaparecer. Aliás, a alteração da figura jurídica visou, precisamente, acautelar o futuro. Assim, a resolução do GR mexe com alguns princípios básicos que permitem prevenir a continuação da utilidade pública dos Barreiros, afastando a polémica gerada pela escritura de doação de 1934, e aos mesmo tempo deixa as portas abertas à vertente comercial.

Em declarações à Lusa o líder dos "verde-rubros" afirmou ontem que a cedência do Estádio dos Barreiros ao Club Sport Marítimo da Madeira «é um dado assente», recusando-se a comentar se será inviável transformar o novo recinto num estádio comercial. «Isso deve perguntar ao Governo Regional, mas acho que a última resolução governamental deixa tudo esclarecido», disse o presidente da colectividade maritimista, que salientou, apenas, «a normalidade» da situação, em que 11 empresas já requereram o caderno de encargos para a candidatura à obra de construção do novo recinto a surgir no espaço do Estádio dos Barreiros.