[JOGADOR] Makukula

Entrevista a Makukula
"Não estou acabado!"



Makukula não se dá por vencido... De visita à Madeira, para receber o prémio DN Madeira/Powerade de melhor marcador da época transacta entre as equipas madeirenses da I Liga, mostrou um optimismo invulgar. Apesar de todos os contratempos por que tem passado no Benfica, onde não é opção - nem foi inscrito na UEFA -, o ex-maritimista acredita que pode triunfar enquanto atleta dos encarnados.
Ainda assim, e ponderando a possibilidade de o sucesso não acontecer, admite sair em Janeiro. "Tenho de procurar a felicidade", apontou. E como disse ter sido "muito feliz no Marítimo", aceita a eventualidade de voltar a representar o clube que o relançou. Tem sido difícil lidar com a "falta de oportunidades" a que tem sido votado por Quique Flores, mas garante estar "mais forte do que nunca".

Como é que encara este regresso à ilha?
Espectacular. Considero-me em casa na Madeira. Tenho cá muitos amigos, pessoas que realmente gostam de mim. Fui muito feliz na ilha.

Apontou sete golos na Liga. Tem algum que tenha sido mais marcante?
Sim. Talvez o último golo que marquei frente ao Boavista. Acho que foi muito bonito. O Ricardo cruzou - bem, quase todos os golos surgiam de cruzamentos dele (risos) -, subi bem entre os dois centrais e cabeceei com sucesso.

Continua a falar com os seus ex-colegas?
Sim, claro. Falo muito com o Olberdam, o 'Marcão' (Marcos) que é um grande capitão. Também com o Marcinho, o João Camacho, enfim, com muita gente, mesmo.

Sente-se arrependido por ter decidido ingressar no Benfica em Janeiro em vez de esperar pelo final da época?
Realmente as pré-temporadas servem para facilitar a adaptação entre os jogadores e o próprio clube. Talvez fosse mais fácil entrar numa pré-época... Mas não estou arrependido, pois na altura foi o melhor.

Por que razão é que ainda não conseguiu evidenciar no Benfica a forma que o notabilizou no Marítimo?
Não sei... O futebol tem desta coisas. Mas tenho é de encarar tudo com a naturalidade possível e esperar que surja uma oportunidade.

Está a faltar uma oportunidade, é só isso?
Exacto. No ano passado a equipa passou por muitas dificuldades, mas isso é mesmo para esquecer. Este ano, com a mudança de treinador, existem novas filosofias e ideias, e só tenho de trabalhar para ver o que acontece no futuro.

Acredita que ainda pode vingar no Benfica?
Não estou morto. Tenho de acreditar. Já passei por muitas dificuldades. Quando cheguei ao Marítimo quase ninguém se lembrava de mim e tenho de agradecer ao presidente Carlos Pereira por ter apostado no Makukula. Considero que sou muito mais forte agora do que era antes, até porque agora estou bem fisicamente e antes estava lesionado. Vou triunfar. Mas ficou fora da lista do Benfica para a UEFA... É verdade. Mas também estive sempre com um pé fora do clube até ao último dia de Agosto. Só no último dia é que vim a saber que iria ficar e nesta altura o treinador já tinha feito a lista. Esperava ir embora, mas não foi possível e tenho de compreender a opção do treinador.

Em jeito de auto-análise, sente que está num bom momento apesar de não ser opção?
Sinto-me muito bem física e psicologicamente. Tenho a certeza absoluta que vou agarrar as oportunidades, se surgirem, como é óbvio. Estou preparado para voltar a marcar golos.

Como é que tem lidado com o facto de não ser uma escolha de Quique Flores?
Não é nada fácil, porque um jogador só se sente bem dentro de campo. Mas também sei que estou num grande clube, onde todo o mundo gostaria de estar.

Se até Janeiro continuar a não ser opção, admite procurar outro rumo para a sua carreira?
O futuro nunca se sabe. Mas é lógico que não serei jogador do Benfica eternamente se não estiver a jogar. Tenho de procurar a minha felicidade. Sei que o clube tem um plantel vasto, há uma rivalidade muito forte, portanto, vamos ver. Falou-se na possibilidade de voltar ao Marítimo, sair para Inglaterra... O que posso dizer é que estive bem perto de sair. Mas no último dia do mercado de transferências o negócio não se concretizou porque o Benfica não quis. Acredito, por isso, que esta opção (continuidade na equipa) é do treinador Quique Flores, por isso só me resta trabalhar.

Mas foi contactado pelo Marítimo?
Ninguém falou comigo.

Todavia, referiu que pode procurar a sua felicidade em Janeiro. No Marítimo foi feliz, pondera a hipótese de voltar à Madeira?
Para jogar, uma pessoa vai para qualquer lado. E o Marítimo é uma casa onde fui muito feliz, tem um balneário onde deixei muitos amigos e tonava-se tudo mais fácil.

A selecção nacional continua a ser um propósito atingível?
Sim. Mas só se começar a jogar é que posso começar a pensar nisso.

Foi Scolari quem promoveu a sua estreia na selecção. Agora é Carlos Queiroz o seleccionador. Conhece o treinador?
Pessoalmente não. Mas toda a gente conhece o seu trajecto e o currículo. É um grande senhor da bola, não há duvida.

Reencontro na UEFA
O facto do Marítimo ter conseguido atingir a UEFa faz com que Makukula sinta que seja uma "conquista" também sua. Mas o "mérito" diz ser dos colegas que "ficaram até ao fim" esclarece. Agora, que se aproxima o embate do Valência, pede "muito cuidado" aos seus ex-colegas. "O Valência é um dos três melhores clubes de Espanha. Mas o Marítimo tem de pensar que não há impossíveis. Eu vou jogar por fora", notou, dando a entender que vai torcer pelo Marítimo. Aliás, Makukula vaticina mesmo um reencontro. "Como nós também estamos na UEFA seria bonito ver um Benfica-Marítimo. Porque não?"

Ronaldo
Sobre Cristiano Ronaldo, "o rodas", como diz ser conhecido entre o seu núcleo de amigos, garante que "não há muito mais para dizer". "Merece receber todos os prémios, não é só a Bota de Ouro. O que ele fez no ano passado acho que deixa qualquer um sem palavras e só temos que ficar contentes por termos um futebolista e um amigo daqueles.
Não há a mínima da dúvida que é o melhor jogador do mundo. Tem de ganhar tudo e nem há nada para discutir sobre isso".

Lazaroni
"Para dizer a verdade fiquei muito surpreendido com a sua saída". Makukula não esconde que não esperava o divórcio entre Marítimo e Lazaroni, o seu "pai espiritual" como lhe classifica. " Nunca pensei que pudesse ir embora do Marítimo, mas o futebol é mesmo feito disto. De certeza que o clube e o treinador fizeram o que consideraram ser melhor para ambos", apontou.