Boavista FC

Braguista escreveu:Esses vao morrer...

Da insolvência à lei do relvado
HUGO M. MONTEIRO

Depois do braço-de-ferro que travaram fora de campo, Boavista e Beira-Mar esgrimem agora argumentos dentro das quatro linhas. Não é de esperar que os aveirenses sejam mal recebidos, até porque o pedido de insolvência da SAD axadrezada já é tema encerrado, depois de o Boavista ter chegado a acordo com o Beira-Mar para o pagamento de 130 mil euros, referentes à transferência de Fary para o Bessa em 2003. Ainda para mais, Rui Bento reencontra um velho conhecido seu: Bruno Moura, com quem trabalhou no Académico de Viseu. E esta é a estreia do sucessor de António Sousa no papel de técnico principal. Um desafio e peras. Para começar, os axadrezados perderam apenas por uma vez - no pretérito jogo, com o Guimarães - em casa no último ano. Depois porque o ataque aveirense, com quatro golos, é dos mais enferrujados da Liga Vitalis - já a defesa é das mais seguras. Na busca dos golos, Ricardo Sousa é ainda uma peça fora de hipótese, uma vez que se mantém suspenso pelo clube. Do outro lado, Rui Bento não pode contar com Sidnei, por lesão - além de Jorge Silva, Araújo e Zambia -, o que deverá catapultar Ivan Santos para a titularidade.


Equipas prováveis
Estádio do Bessa, 15h00

Árbitro | Duarte Gomes (AF Lisboa)


Boavista

Sérgio Leite; Diogo Fernandes, Renato, Bruno Pinheiro e Gilberto; Bruno Monteiro, Pedro Moreira e Rui Lima; Ivan Santos, Adriano e João Tomás.

Outros convocados: Pedro Trigueira, Diogo Leite, Pedrosa, François, Márcio Tarrafa, Fuska, Benvindo e Djibril.

Treinador | Rui Bento


Beira-Mar

Palatsi; Artur, Kanu, Yohan e Pedro Araújo; Cristiano, Tiago Lemos, Lourenço e Rui Sampaio; Fangueiro e Fábio Nunes.

Outros convocados: Bruno Sousa, Sousa, Levato, Alexis, Wegno, Rui Dolores e Fary.

Treinador | Bruno Moura

Associação Comercial do Porto angaria fundos

"A cidade com o Boavista". Este é o tema do jantar que a Associação Comercial do Porto vai organizar no dia 4 do próximo mês, às 20h30, no Palácio da Bolsa, com o objectivo de angariar fundos em favor do clube do Bessa. Durante o jantar será realizado um leilão de artigos desportivos, cuja receita reverterá, igualmente, em favor do emblema axadrezado. O custo da inscrição é de 50 euros para os associados das duas instituições e de cem para futuros sócios do Boavista. Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, referiu tratar-se de "uma honra apoiar um dos mais importantes e prestigiados clubes da cidade e um dos mais antigos de Portugal".

Bessa escapa à hasta pública
MS

A decisão da Assembleia Geral Extraordinária do Boavista do dia 12 e a acção célere de uma sociedade de advogados portuense conseguiram evitar a venda em hasta pública do Estádio do Bessa, marcada para esta manhã. O despacho do Serviço de Finanças, Porto 4 que ordenava a penhora e consequente venda judicial do recinto axadrezado, por dívidas ao Fisco e à Segurança Social, foi anulado ao final da tarde de ontem. O processo regressa agora à estaca zero.

Na reunião de sócios pedida por Pinto Pais, presidente do Conselho Fiscal, este defendeu que a SAD não poderia ter dado o estádio como garantia para o pagamento da dívida, porque este pertence ao clube. Esse foi o ponto de partida para a tentativa de impugnar a hasta pública, consequência da penhora em vigor desde 8 de Agosto. Os juristas da firma Jorge Carneiro e Associados conseguiram travar o processo fazendo valer junto das autoridades judiciais a demonstração da existência de um erro processual insanável, que fará regressar ao início a execução da dívida. Em causa está o facto de o clube não ter sido citado na execução da penhora de que foi alvo a SAD, formalidade que subtraiu à primeira entidade a possibilidade de se defender. Com esta decisão, a negociação com o Estado recomeça do zero. Recorde-se que a SAD, responsável pela dívida, está a tentar que seja aceite um novo Plano Extrajudicial de Conciliação para o qual Fisco e Segurança Social exigiram garantias mais firmes. Esta foi a segunda vez que o Estado foi fintado em processos de penhora pela SAD axadrezada, devido à natureza das garantias apresentadas: ao contrário do Estádio do Bessa, os passes de vários jogadores estiveram em hasta pública, na época passada. Só não apareceu quem os comprasse.

Pantera do Bessa vai ser penhorada

Depois de indicar todo o plantel, receitas de bilheteira e publicidade como bens a penhorar, e de daí não ter obtido qualquer verba, Ali, ex-jogador do Boavista, decidiu agora indicar a pantera que está à frente do Estádio do Bessa. O solicitador de penhora tomará agora as diligências necessárias para a concretização da mesma, sendo que o Boavista pode opor-se è efectivação do acto e o processo seguir noutros trâmites. Ali reclamou em Fevereiro uma dívida de 245 mil euros. Os axadrezados pagaram uma pequena parcela, mas falharam um acordo conseguido nessa altura, depois de um camião de arresto de bens ter estacionado à porta do Bessa.

Liga só quer "empatar", diz o Boavista

A Comissão Disciplinar quer apenas "empatar", acusa o Boavista, em resposta ao fax enviado pela CD a dar conta de que o pedido de revisão das sentenças do "Apito Final" não pode ser ponderado já que os processos estão na posse do Tribunal Administrativo e do Conselho de Justiça para recursos paralelos. "A Liga não sabe como reagir e pretende ganhar tempo desta maneira", comentou Adelina Trindade Guedes, advogada e administradora da Boavista SAD. O fundamento para o recurso, recorde-se, é uma decisão do Supremo Tribunal Administrativo que considera ilegal a utilização de escutas telefónicas nestes processos

Só faltava o chapéu na ementa do Pataco
ANDRÉ MORAIS

João Tomás já leva 85 golos como profissional em Portugal, mas só à 13.ª época soube o sabor de uma chapelada. Foi contra o Leiria, a completar um bis que encerrou a série de três jogos sem ganhar do Boavista. "Já fiz vários grandes golos, principalmente no Braga, mas nunca um chapéu. Foi muito bonito", sorriu. Aliás, o proprietário do restaurante Pataco, nome de família, aberto em Oliveira do Bairro há quase 60 anos, tem finalmente a ementa completa. Golos de todos os feitios!

Este ano soma apenas quatro, mas por hábito só dispara nas segundas voltas. "É uma realidade, mas não posso considerar uma tendência. Acontece...", desvaloriza. "A nossa função é empurrar a bola e as críticas que sofremos são ingratas. As pessoas não se lembram dos passes nem das tabelas", aponta. "Este ano estive alguns jogos sem ter uma única oportunidade. As bolas não chegavam. Quando subi, com a Académica, não era assim. Hoje, na Liga de Honra, só importa ter garra e dar biqueiradas para a frente", critica. "No início custou-me muito ver tanta bola pelo ar", confessou.

Talvez por isso João Tomás tenha estado na iminência de sair rumo ao Catar. "Não se concretizou. Se houver essa possibilidade outra vez e o Boavista for compensado, pode ser que saia", explicou, antes de marcar o lugar do seu clube. "A subida não é o objectivo pelo qual lutamos. O clube vive com dificuldades para cumprir e os mais velhos tentam que os meninos valorizem antes o aspecto desportivo. Se o Boavista conseguir inscrever mais jogadores em Janeiro, talvez tenhamos então de pensar nisso", sublinhou.

Jantar já rende 20 mil euros
A.M.

O Palácio da Bolsa recebe hoje mais de 300 convidados que representarão a cidade do Porto no apoio ao Boavista. Numa hora difícil para o segundo clube mais emblemático da cidade, foram bastantes os que acederam a cumprir um dos requisitos obrigatórios para participar: pagar 50 ou 100 euros, dependendo se é ou não associado do Boavista ou da Associação Comercial do Porto (ACP). Assim, o Boavista tem um encaixe certo de quase 20 mil euros, podendo a verba extravasar, no caso de hoje se inscreverem mais pessoas.

Na lista de "contribuintes" estarão vários ilustres do Grande Porto. Rui Rio, Álvaro Castelo Branco e Rui Sá representarão a Câmara Municipal do Porto. Carlos Oliveira, presidente da SAD do Leixões, Narciso Miranda, António Lobo Xavier, Jorge Neto e João Vieira Pinto também não faltarão. Isto sem esquecer Rui Moreira, presidente da ACP e grande dinamizador da ideia.

Ronaldo e Deco enviaram camisolas

Além dos 20 mil euros assegurados, o Boavista vai aumentar a receita à custa do leilão de vários objectos. Deco autografou e enviou uma camisola do Chelsea. O brasileiro Ronaldo fez o mesmo com a que utilizou no jogo que a Fundação Luís Figo fez no Bessa em 2003. Serão ainda leiloados: uma bicicleta, uma bola e uma camisola do Boavista, duas serigrafias de Armando Alves, uma escultura de José Rodrigues, um quadro de Albertino (ex-jogador) e outro de José Manuel Barbosa.

Expectativa superada

O jantar "A cidade com o Boavista" teve uma adesão que superou todas as expectativas. Ontem mesmo, Álvaro Braga Júnior mostrou-se bastante satisfeito com o sinal que a cidade do Porto dá, confiante em que "não irá acontecer, ao Boavista, o mesmo que ao Salgueiros." Rui Moreira, organizador do evento, falou em "expectativas ultrapassadas" e convidou mais a aparecerem, uma vez que o espaço permite acolher 500 pessoas

Até o major se empolgou
A.M.

Só faltou João Loureiro. O ex-presidente do Boavista foi a ausência mais notada no jantar promovido ontem pela Associação Comercial do Porto, que pretendeu ajudar o Boavista e sensibilizar a cidade para o momento delicado do clube. Rui Rio, doente, enviou uma mensagem. Joaquim Teixeira, antecessor de Álvaro Braga Júnior também não deixou de aparecer. Mas foi Valentim Loureiro, acompanhado dos filhos de João Loureiro, que mereceu mais "vivas" dos sócios.

E o Major respondeu a todas as solicitações. "Foi um gesto muito simpático de Rui Moreira. Fez aquilo que outros, até com mais condições, teriam obrigação de fazer. Isto vai sensibilizar as pessoas, alertar os clubes para que façam gestões dentro das possibilidades e acordar muitas consciências", comen tou. "Tenho muitos problemas com os tribunais, mas o meu grande problema é o Boavista", prosseguiu. E mostrou-o no jantar. Foi dos primeiros a levantar-se para pedir aplausos quando Álvaro Braga Júnior criticou Ricardo Costa e a Comissão Disciplinar da Liga de Clubes.

Estiveram 376 pessoas no jantar e facturaram-se quase 25 mil euros, a que se soma o valor do leilão que decorreu já de madrugada. "Espero que se acenda uma luz de esperança. A ideia é despertar a consciência dos cidadãos e do seu poder económico, já que do político parece que já conseguimos", frisou Rui Moreira, presidente da ACP e organizador do evento que Álvaro Braga Júnior sugeriu.

O discurso do presidente do Boavista centrou-se no agradecimento a todos os colaboradores, sócios e amigos, sublinhando que Rui Bento será treinador do Boavista enquanto ele for presidente e louvando Jorge Silva, o capitão a quem se cantaram os parabéns. No dia em que se completou um ano e um dia desde a chegada de Álvaro Braga ao clube, o presidente ouviu o vice João Monteiro criticar as empresas que "não patrocinam, quando noutros clubes fazem filas de espera."

No final, ACP e Boavista juntaram-se no palco e lançaram apelos emocionantes às entidades da cidade no sentido destas salvarem o Boavista. Agora venha a resposta!

30 mil de lucro
A.M.

O Boavista facturou 3550 euros com o leilão que se seguiu ao jantar promovido quinta-feira pela Associação Comercial do Porto (ACP), que havia rendido cerca de 25 mil euros - 28 550 euros no total. Se juntarmos os donativos, assim como parte da receita da discoteca Twins destinada ao clube, valores ainda por conhecer, estima-se que o emblema axadrezado tenha angariado sensivelmente metade do que gasta por mês com o futebol profissional (plantel, equipa técnica, dirigentes e funcionários), uma despesa de 80 mil euros. Esse será, portanto, o saldo de uma noite onde a cidade se uniu em torno do Boavista, ainda que o lucro pudesse ter sido um pouco maior, não fosse a polémica que rodeou algumas peças. Uma bicicleta do departamento de ciclismo foi exemplo: quem a ofereceu pretendia ver atingido o valor de 1500 euros e, como tal não sucedeu, acabou por não render qualquer cêntimo. O mesmo se passou com alguns quadros. O destaque da noite foi para uma estatueta de José Rodrigues, que valeu 1700 euros, duas camisolas da actual época (360 euros) e uma que Deco vestiu no Chelsea (300 euros), que ficou na posse de Rui Moreira, presidente da ACP.
Valentim Loureiro foi uma das figuras da noite de quinta-feira e não deixou de comentar o momento difícil do clube. "É certo que houve alguns erros de gestão, mas é essencialmente o resultado da discriminação nos apoios do Estado aos clubes que estiveram no Euro' 2004", referiu. "Depois de o clube ter sido campeão e de o estádio ter estado no Europeu, as pessoas acharam que era uma coisa extraordinária. Mas não, foi o fim", acentuou. Valentim Loureiro, recorde-se, foi sucedido na presidência pelo filho João, sob quem recaem duras críticas, injustas, segundo o Major. "Ele (João Loureiro) deu tudo e quem gere tem sempre alguma culpa. Mas as pessoas não se esqueçam do estado em que ficou o João. Deu cabo da vida dele. É advogado, profissionalmente não fez nada em dez anos e fica no ar a ideia de que só o Boavista sofre", argumentou, lamentando que "o senhor da Comissão Disciplinar (Ricardo Costa)", assim refere, tenha "mandado o clube para a Honra". "Eu conheço os processos e isto é incrível", criticou, a esse propósito. Rejeitando um regresso ao clube, Valentim Loureiro aproveitou a ocasião para deixar um recado: "Espero que este gesto acorde muitas consciências. Outras não sei se chegarão a acordar. As pessoas sabem do que estou a falar..."

Loureiro assume dívida
ANDRÉ MORAIS

No dia em que um grupo de sócios do Boavista, liderado por José Luís Silva, membro da anterior Direcção liderada por Joaquim Teixeira, entregou uma queixa-crime no DIAP contra João Loureiro, por gestão danosa, o antigo presidente do Boavista confirmou a O JOGO que assumiu uma dívida da SAD, contraída pela sua administração na época 2004/05.

Perante a ameaça do Banco Comercial Português de pedir a insolvência da SAD, João Loureiro negociou directamente com a instituição e deu-se como avalizador do pagamento dos 500 mil euros em falta do financiamento de 1,2 milhões de euros requerido na altura. Na prática, João Loureiro terá de pagar essa verba se a SAD não o puder fazer, cenário que se apresenta como certo, nesta altura. O antigo presidente do Boavista vai efectuar o pagamento de forma faseada e ao longo de 30 anos, período indispensável para que o valor mensal possa ser cumprido sem prejuízo de nenhuma das partes.

O BCP insistiu na insolvência da SAD e, face à impossibilidade desta para avançar com esta verba, o antigo presidente tomou a liberdade de o fazer para ajudar o clube que fez campeão em 2001.

O documento foi outorgado a 4 de Dezembro, data em que a Associação Comercial do Porto organizou um jantar de apoio ao clube e muitos sócios reclamaram da ausência do antigo líder. Ontem, no Tribunal de S.João Novo, no Porto, João Loureiro realçou que o fez "perante a iminência de insolvência", mas recusou confirmar os valores envolvidos.

A actual administração da SAD ainda não tem conhecimento oficial da assinatura dos documentos, mas a administradora Adelina Trindade Guedes não esconde que está a par do processo. "Ainda não fomos notificados, mas tenho conhecimento de que decorriam conversas nesse sentido", disse.

João Loureiro e o BCP pensam notificar a Boavista SAD brevemente, ficando esta livre de mais um problema dos vários que se acumulam. De problema em problema salta João Loureiro. Ontem era acusado de fraude fiscal e abuso de confiança. A partir de hoje, o DIAP depara-se com uma queixa-crime que será analisada e poderá, ou não, produzir acusação. "A culpa não morrerá solteira. O Boavista não será um Salgueiros", garantiu José Luís Silva. A queixa apoia-se numa auditoria do passado para questionar onde estão 100 milhões de euros.


Julgamento adiado por falta de... notificações
O julgamento de João Loureiro, Carlos Pissarra e Vítor Borges foi adiado pelo facto de estes (todos presentes) não terem sido notificados individualmente. Os advogados de defesa encontraram outras irregularidades, como o facto de, na data da acusação, 18 prestações da dívida ao fisco de 3,4 milhões de euros já estarem pagas através de um processo extrajudicial de conciliação. O tribunal deu 30 dias para que os arguidos se informem junto do fisco sobre o real valor em falta.

Punir João Loureiro
A.M.

A auditoria externa pedida pela Direcção de Joaquim Teixeira à empresa A. Figueiredo Lopes & Manuel Figueiredo, SROC, entregue ao Boavista em Abril, é a base da queixa-crime entregue por um grupo de associados liderado por José Luís Silva. Adriano Santos, advogado que trabalhou na elaboração da mesma, fez questão de esclarecer que a queixa "não pretende incriminar João Loureiro, mas sim esclarecer algumas situações das quais o Boavista saiu lesado". "Pretendemos saber se algumas coisas constituem ilícitos penais", disse. Para sustentar a acusação individual, o grupo de sócios recorda os estatutos do clube e pede que estes se cumpram. "O artigo 86.º diz que a Direcção é responsável solidariamente pelos actos do clube. Só os membros que não tomarem parte da decisão ou lutarem contra a mesma não podem ser responsabilizados, mas isso deve constar em acta", recorda Adriano Santos.

A venda da fracção E do Estádio do Bessa é apenas um dos dez negócios que, na queixa, são considerados lesivos para o clube, entre muitos outros "duvidosos". Essa fracção, onde hoje está o Holmes Place, foi vendida duas vezes no mesmo dia e no mesmo cartório. A Boavista SAD vendeu-a à Elepê, de João Bartolomeu, por menos de quatro milhões de euros. Poucas horas depois, foi revendida à Sofinac por quase 13 milhões, o que traduz uma perda de nove milhões. Da segunda venda terão constado obras, suportadas pelo Boavista, mas sem ganhos de retorno.

Este é o negócio público mais famoso, mas a queixa incide sobre muitos outros. A auditoria não detectou correspondência nos cheques entre empresas compradoras e o vendedor Boavista, sendo que, em todas, os axadrezados viram entrar nos cofres umas largas centenas de milhares de euros a menos.

A queixa foi preparada nos últimos dois meses. e o grupo responsável quer celeridade do Ministério público, "pois há negócios de 1999, que, se forem ilícitos, podem prescrever

Algumas das acusações dos queixosos

A Construções Cávado negociou o lote 3, que obriga o Boavista a suportar licenciamento e taxa de urbanização. Não constam documentos.


Venda do lote 10 à Imoseis. Movimento de crédito da empresa, de 748 mil euros, para adiantamento, que não entrou nos cofres axadrezados.


Venda do lote 8 à Boapor. Os cheques pagos e recebidos traduzem prejuízo de 2,6 milhões de euros. Área de construção foi expandida, retorno não.


O Holmes Place seria entregue em tosco, mas apareceu com acabamentos e iluminações no estacionamento. Estavam previstos dois pisos, foram entregues cinco.


Venda de apartamentos do Edifício 1.º de Janeiro, idênticos e no mesmo piso, tinham diferenças que chegavam aos 25 mil euros por unidade.

Série de falsidades"
A.M.

João Loureiro não está preocupado com a queixa-crime que um grupo de associados do Boavista entregou quarta-feira no DIAP. O ex-presidente axadrezado ficou indignado por terem sido cometidos alguns atropelos, como o facto de ter sido usada uma "pseudo- auditoria" na qual nunca lhe foi perguntado nada. "Já na altura disse que essa pseudo-auditoria apontava para uma série de falsidades. Nessa mesma altura fiz questão de, por escrito, comunicar aos presidentes de todos os órgãos sociais do Boavista que não só se tratava de falsidades, como que estava disponível para esclarecer um ou outro aspecto em causa. Nunca tal me veio a ser solicitado", explicou.

João Loureiro garante que há documentos que provam tudo e questiona a forma como foi efectuada a procura, bem como a proveniência (Repeses, em Viseu) da empresa. Por isso, assevera, não ficará de braços cruzados. "Em termos jurídicos essa participação não faz qualquer sentido e terá, caso necessário, a devida resposta no lugar adequado. Todos os que, directa ou indirectamente, tentem insinuar factos que não correspondem à verdade serão por mim e pelos que faziam parte dos órgãos sociais do Boavista, devidamente responsabilizados", garante.

De qualquer forma, José Luís Silva e seus pares, bem como o advogado Adriano Santos, têm também direito a algumas correcções. O artigo 86º dos estatutos do clube foi aprovado no início de 2008. "Foi numa AG posterior à minha saída. Logo, qualquer mediano jurista deveria saber que não tem aplicação retroactiva", atirou.

A auditoria foi muito famosa na altura, pois circulou na internet e nunca foi apresentada. João Loureiro deixa transparecer dúvidas quanto à actuação de Joaquim Teixeira mas apoia Álvaro Braga na gestão corrente. Aliás, o ex-presidente assumiu recentemente uma dívida da SAD no valor de 500 mil euros e pediu a Fary para interceder junto do Beira-Mar para que o clube retirasse o pedido de insolvência, mediante acordo.


Contas ratificadas por grupo de queixosos

Há outro facto que leva João Loureiro a insurgir-se contra José Luís Silva e seus pares. É que parte dos negócios a que estes se reportam na queixa vinham discriminados nas últimas contas apresentadas por João Loureiro. Nessa AG, o grupo que agora se queixa aprovou-as, disse: "De forma muito clara. E foi público que todos os que quiseram analisar o puderam fazer. Essas contas foram objecto do crivo dos vários órgãos sociais competentes, designadamente do Conselho Fiscal. A AG, que integrava estes mesmos associados, ratificou todos os actos praticados." Joaquim Teixeira também esteve na assembleia.

Jantar de natal reuniu grupo de trabalho

Sem competições para enfrentar, neste fim-de-semana, o domingo do Boavista foi preenchido com a convocatória para uma jornada diferente: o plantel, equipa técnica e responsáveis da SAD juntaram-se, ao final do dia, para um jantar de Natal, num restaurante portuense. Apesar das dificuldades financeiras que marcam o quotidiano dos axadrezados, o grupo liderado por Rui Bento - ex-futebolista que personifica, na memória dos boavisteiros, os melhores anos do clube - não quis deixar de assinalar a quadra natalícia, proporcionando-se uma pausa nos problemas que colocam em risco a sobrevivência da SAD e nas contas do campeonato secundário.

Nova vitória frente a William
AM

No dia em que o ex-guardião William esteve na Pasteleira a assistir à derrota da sua ex-equipa contra o Paços de Ferreira, em jogo para a Liga Intercalar, o Tribunal de Trabalho de Vila Nova de Gaia não deu seguimento à queixa apresentada por este contra SAD, clube e João Loureiro.

Depois de ter anulado a providência cautelar interposta pelo camaronês, o tribunal absolveu agora todos os réus do processo em que William reclamava cerca de 600 mil euros de honorários e prémios em atraso. No que respeita ao clube, o tribunal não teve dúvidas em considerar que, com a constituição da SAD, este não está obrigado a sujeitar-se à competência da Comissão Arbitral Paritária da Liga de Clubes, instância onde também decorria a queixa relativa à SAD.

O tribunal não reconhece a existência de uma dívida tão avultada e devolveu o processo que, na opinião de Adelina Trindade Guedes, administradora e advogada do Boavista., já prescreveu. "Ele interpôs a providência cautelar precisamente para evitar que o caso prescrevesse", contou a advogada. Ficou, assim, sem efeito, a audiência preliminar que estava marcada para 22 de Janeiro de 2009.

Agora, e apesar de William poder recorrer, a SAD axadrezada só terá de cumprir um acordo assinado anteriormente, a propósito de valores muito inferiores, e pelo qual William já recebeu cerca de 50 mil euros no primeiro semestre de 2008.

Fica também sem efeito, a audiência que estava marcada para 22 de Janeiro.